As tartarugas marinhas, conhecidas pelas suas vastas migrações de locais de nidificação subtropicais e tropicais para zonas temperadas de alimentação, têm sido o foco de décadas de esforços de rastreio. Apesar disso, o noroeste do Oceano Atlântico continua a ser uma área praticamente desconhecida em termos de rotas migratórias e áreas de alimentação.
Rastreando o comportamento de forrageamento da tartaruga-de-couro
Uma equipe de pesquisadores liderada pela Universidade de Miami, empregando tecnologia avançada de rastreamento, embarcou na missão de delinear essas rotas ao longo da costa leste dos EUA.
O autor principal, Mitchell Rider, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Miami, explicou o uso de modelos de comportamento de movimento para discernir os comportamentos de forrageamento das tartarugas-de-couro.
“Usando modelos de comportamento de movimento, mostramos que as tartarugas-de-couro que migram ao longo da costa leste dos EUA apresentam comportamento de forrageamento inferido em áreas específicas na Baía do Atlântico Sul (SAB), que é a área costeira que se estende da Carolina do Norte até a parte superior de Florida Keys; o Mid-Atlantic Bight (MAB), que é a região costeira que vai de Massachusetts à Carolina do Norte; e sul da Nova Inglaterra (SNE).
De acordo com os especialistas, a conclusão de que o MAB pode servir como um local crítico de alimentação é particularmente digna de nota.
Como a pesquisa foi conduzida
Para rastrear essas criaturas majestosas, transmissores de satélite foram fixados em tartarugas marinhas em dois locais: ao largo de Massachusetts durante o verão e ao largo da Carolina do Norte na primavera. Esta estratégia permitiu aos investigadores traçar áreas de alimentação secundária e de invernada e avaliar o comportamento de mergulho e movimento das tartarugas ao longo das suas rotas migratórias.
De 2017 a 2022, 52 tartarugas-de-couro foram meticulosamente rastreadas, revelando o uso do MAB, SAB e SNE não apenas como corredores migratórios, mas também como locais de alimentação.
Novos insights críticos
“A elevada utilização do MAB por ambos os grupos de tartarugas-de-couro é a descoberta mais importante do nosso estudo. O alto uso foi caracterizado principalmente pelo comportamento de forrageamento inferido”, disse Rider. “Até o momento, vários estudos rastrearam tartarugas-de-couro nesta região, mas somos os primeiros a dar um passo adiante e caracterizar os comportamentos associados aos seus padrões de movimento.”
Este conhecimento tem implicações profundas tanto para a investigação futura como para a conservação destas tartarugas ameaçadas de extinção, particularmente porque enfrentam ameaças de captura acidental e ataques de navios.
Implicações mais amplas
A identificação de pontos críticos de alimentação no MAB e no SAB poderia orientar os esforços de conservação direcionados e informar estratégias de mitigação para os próximos desenvolvimentos de parques eólicos offshore.
O apelo de Rider por métodos de observação mais diretos, como a vigilância por vídeo transmitida por animais, sublinha a necessidade de abordagens de investigação inovadoras para desvendar ainda mais os mistérios da migração e do comportamento de alimentação das tartarugas marinhas.
Tartarugas marinhas de couro
As tartarugas marinhas de couro, conhecidas cientificamente como Dermochelys coriacea, são as maiores de todas as tartarugas vivas. Ao contrário de outras tartarugas marinhas, as tartarugas-de-couro possuem uma carapaça única e coriácea, em vez de uma carapaça dura e óssea. Esta concha distinta é composta de pele e polpa oleosa.
As tartarugas-de-couro são verdadeiros gigantes do oceano, com alguns indivíduos atingindo comprimentos de até 2 metros (cerca de 6,5 pés) e pesos superiores a 900 kg (quase 2.000 libras).
Estilo de vida
Estas tartarugas são altamente migratórias, atravessando vastas distâncias nos oceanos do mundo. Eles são encontrados nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, demonstrando uma ampla tolerância térmica que lhes permite prosperar em águas que variam de temperadas frias a tropicais.
Dieta
Sua dieta consiste principalmente em águas-vivas, que consomem em grandes quantidades, ajudando a controlar as populações de águas-vivas.
As tartarugas-de-couro desempenham um papel crucial nos ecossistemas marinhos. Os seus hábitos alimentares influenciam a distribuição e o ciclo de vida das medusas e de outras criaturas marinhas, e as suas atividades de nidificação contribuem para a saúde dos ecossistemas de praia.
Ameaças
Apesar da sua importância, as tartarugas marinhas enfrentam inúmeras ameaças. Estes incluem a perda de habitat devido ao desenvolvimento costeiro, captura acidental em artes de pesca, poluição e alterações climáticas. Os seus locais de nidificação são particularmente vulneráveis às atividades humanas e aos predadores naturais, o que pode afetar significativamente as taxas de sobrevivência dos filhotes.
Conservação
Esforços de conservação estão em curso a nível mundial para proteger estes antigos marinheiros. As medidas incluem a proteção das praias de nidificação, a regulamentação da pesca para reduzir as capturas acessórias e a realização de pesquisas para compreender melhor o seu comportamento e padrões de migração.
A sobrevivência das tartarugas marinhas é crucial para manter o equilíbrio dos ecossistemas marinhos, e esforços concertados de conservação a nível global são essenciais para garantir o seu futuro.
O estudo está publicado na revista Fronteiras na Ciência Marinha.
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