Animais

Parasita comum de gatos associado à fragilidade em adultos mais velhos

Santiago Ferreira

Um estudo recente revelou uma ligação entre o parasita comum transmitido por gatos, Toxoplasma gondii (T. gondii), e o aparecimento de fragilidade em adultos mais velhos. O estudo lança uma nova luz sobre os potenciais impactos a longo prazo desta infecção parasitária.

Riscos significativos para a saúde

Os autores do estudo, incluindo o professor Christopher Lowry da CU Boulder, enfatizam que uma relação causal não foi comprovada, mas a forte associação sugere que são necessárias mais pesquisas para compreender as implicações do T. gondii no envelhecimento.

“Muitas vezes pensamos na infecção por T. gondii como relativamente assintomática, mas este estudo destaca que para algumas pessoas pode ter consequências significativas para a saúde mais tarde”, disse o Professor Lowry.

Foco do estudo

No estudo, foram analisadas amostras de sangue e marcadores de saúde relacionados à fragilidade de mais de 600 idosos. A fragilidade é uma condição caracterizada por perda de peso involuntária, exaustão, mobilidade reduzida, perda muscular e declínio cognitivo.

O que os pesquisadores aprenderam

A análise revelou que 67 por cento dos participantes do estudo apresentavam sinais de infecção latente. Os especialistas descobriram que níveis mais elevados de anticorpos contra o parasita estavam correlacionados com uma maior probabilidade de fragilidade.

Segundo os investigadores, níveis mais elevados de anticorpos podem reflectir uma infecção mais virulenta ou generalizada, infecções múltiplas ou reactivação recente de uma infecção latente.

Significância do estudo

“Este artigo é importante porque fornece, pela primeira vez, evidências da existência de uma ligação entre a fragilidade em adultos mais velhos e a intensidade da resposta à infecção por T. gondii”, disse a co-autora Professora Blanca Laffon.

Esta associação levantou questões sobre o papel do parasita na inflamação relacionada à idade e na perda muscular.

Embora o T. gondii seja frequentemente alojado no corpo sem aviso prévio, a sua presença a longo prazo, especialmente quando reactivada, pode levar a graves implicações para a saúde, incluindo problemas de saúde mental e aumento de comportamentos de risco.

Como o parasita se espalha

Os gatos, como hospedeiros definitivos do T. gondii, podem espalhar o parasita pelas fezes. Quando um gato está infectado, os parasitas formam oocistos que são eliminados nas fezes do gato. Esses oocistos podem sobreviver no ambiente por muitos meses e podem infectar humanos e outros animais se ingeridos.

A infecção pode ocorrer através do manuseio de areia de gato ou solo que contenha fezes de gato, comida ou água contaminada e carne mal cozida.

Ameaça silenciosa

Até 15 por cento dos americanos foram infectados com T. gondii em algum momento, e estas taxas são mais elevadas entre os indivíduos mais velhos. Em alguns países, mais de 65% foram infectados.

O parasita pode permanecer inativo durante anos e exige mais investigação sobre como pode ser gerido ou impedido de causar danos, especialmente entre populações vulneráveis, como os idosos ou aqueles com sistemas imunitários comprometidos.

Implicações do estudo

As descobertas sugerem a necessidade de mais pesquisas sobre como a infecção por T. gondii pode exacerbar a “inflamação”, um termo que se refere à inflamação crônica que acompanha o envelhecimento.

Os investigadores esperam que o seu trabalho estimule uma maior exploração da ligação entre o T. gondii e a fragilidade e conduza a estratégias que mitiguem os efeitos negativos do parasita na saúde.

Entretanto, aconselham cautela para evitar o contágio. É especialmente importante que mulheres grávidas e indivíduos imunocomprometidos tomem precauções.

O estudo está publicado no Revista de Gerontologia: Ciências Médicas.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago