Os recifes de coral tropicais, celebrados pela sua extraordinária beleza e biodiversidade, enfrentam desafios significativos devido ao ritmo implacável do aquecimento global. No entanto, uma nova solução para impulsionar a recuperação dos recifes pode ser encontrada num aliado inesperado: as aves marinhas.
Um estudo recente liderado pela Universidade de Lancaster descobriu uma interação fascinante entre aves marinhas e recifes de coral.
Informações sobre recuperação de recifes
De acordo com os especialistas, a presença de aves marinhas em ilhas localizadas perto de recifes de corais tropicais pode aumentar as taxas de crescimento de corais nesses recifes em mais do dobro. Esta descoberta não diz respeito apenas às taxas de crescimento; também se refere à resiliência dos recifes de coral.
Os recifes localizados perto de colónias de aves marinhas podem recuperar muito mais rapidamente dos eventos de branqueamento. Isto é particularmente significativo dada a frequência crescente de eventos de branqueamento devido ao aumento da temperatura do mar, que muitas vezes resulta na mortalidade generalizada dos corais.
Estudando recuperação de recifes
O foco do estudo foi em Acropora, um tipo crítico de coral conhecido pela sua complexidade estrutural e importância na sustentação das populações de peixes e no crescimento dos recifes.
Os investigadores notaram uma diferença significativa nos tempos de recuperação com base na presença de aves marinhas. Por exemplo, descobriu-se que Acropora em torno de ilhas com aves marinhas recupera de eventos de branqueamento cerca de 10 meses mais rápido em comparação com recifes localizados longe de colónias de aves marinhas.
O estudo destaca o papel crucial das aves marinhas na redução dos tempos de recuperação dos corais, o que pode ser fundamental na sua capacidade de resistir ao ritmo acelerado das alterações climáticas.
Os tempos de recuperação mais curtos poderão fazer a diferença entre continuar a recuperação de alguns recifes de coral face às alterações climáticas, devido às quais eventos de branqueamento prejudiciais ocorrem agora com muito mais frequência do que em períodos anteriores.
Nutrientes derivados de aves marinhas
A ligação entre as aves marinhas e a saúde dos corais está enraizada no guano rico em nutrientes produzido por estas aves. As aves marinhas que se alimentam de peixes em mar aberto, longe das ilhas, retornam às ilhas para empoleirar-se, enquanto depositam nutrientes ricos em nitrogênio e fósforo na forma de guano.
Esta transferência de nutrientes, crítica para o crescimento dos corais, ocorre quando o guano é levado para o mar, fertilizando os corais e outras espécies marinhas.
“Nossos resultados mostram claramente que os nutrientes derivados de aves marinhas estão diretamente impulsionando taxas de crescimento de corais mais rápidas e taxas de recuperação mais rápidas em corais Acropora”, disse o autor principal Casey Benkwitt, especialista em Biologia Marinha em Lancaster.
Abordagem experimental
A equipa de investigação conduziu o seu estudo num arquipélago remoto do Oceano Índico, comparando recifes perto de ilhas povoadas por aves marinhas com aqueles perto de ilhas infestadas de ratos, que têm um impacto negativo nas populações de aves marinhas.
O estudo também envolveu uma abordagem experimental onde alguns corais Acropora foram transplantados entre ilhas. Isto confirmou que a presença de aves marinhas, e não outros factores, foi responsável pelo enriquecimento de nutrientes e pelo aumento do crescimento dos corais.
Implicações do estudo
“Esta recuperação mais rápida pode ser crítica, uma vez que o tempo médio entre eventos de branqueamento sucessivos foi de 5,9 anos em 2016 – uma redução em relação aos 27 anos na década de 1980. Mesmo pequenas reduções nos tempos de recuperação durante esta janela podem ser fundamentais para manter a cobertura de coral no curto prazo”, disse Benkwitt.
Estas conclusões não só destacam uma solução natural para aumentar a resiliência dos corais, mas também enfatizam a interligação dos ecossistemas e os impactos de longo alcance dos esforços de conservação da biodiversidade.
O estudo está publicado na revista Avanços da Ciência.
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