Meio ambiente

Espécies de atum enfrentam futuro incerto devido às mudanças climáticas e à pesca excessiva

Santiago Ferreira

O Oceano Índico, conhecido pela sua rica biodiversidade e abundante vida marinha, enfrenta uma crise sem precedentes. O atum albacora, uma espécie integrante do ecossistema e uma escolha popular para sashimi e poke bowls em todo o mundo, está a testemunhar um declínio acentuado na população.

Um estudo recente publicado em Gestão Oceânica e Costeira revela estatísticas alarmantes que podem potencialmente levar a consequências catastróficas não apenas para o ecossistema marinho, mas também para as comunidades costeiras dependentes da pesca.

Pesca excessiva: o principal culpado

A sobrepesca foi identificada como a principal culpada. A exploração industrial desde 1950 levou a um declínio surpreendente de 70% na biomassa das populações de atum albacora geridas pelas Organizações Regionais de Gestão das Pescas (ORGP) no Oceano Índico.

Esta sobreexploração ameaça não só o equilíbrio da vida subaquática, mas também afecta milhões de pessoas que dependem destas águas para a sua subsistência e subsistência.

Segundo o estudo, a atual pressão da pesca é insustentável e excede o rendimento máximo sustentável (MSY) em 28%.

Isto significa que os peixes estão a ser capturados mais rapidamente do que conseguem reproduzir-se, resultando num esgotamento do stock. O estudo alerta também que, se a tendência actual continuar, a população de atum albacora poderá entrar em colapso até 2026.

A principal autora do estudo, Dra. Maria Lourdes Palomares, cientista sênior da iniciativa Sea Around Us da Universidade da Colúmbia Britânica, disse que a situação é terrível e requer ação urgente.

“O atum albacora do Oceano Índico está num estado crítico. Eles são sobrepescados e a sobrepesca ainda continua. Precisamos reduzir a mortalidade por pesca em pelo menos 40% para evitar novos declínios e garantir a sustentabilidade a longo prazo deste recurso”, ela disse.

A Resposta Global: Um Apelo à Acção Colectiva

À medida que soam os alarmes internacionais, intensificam-se os esforços para mitigar esta crise. Conservacionistas, cientistas e decisores políticos estão a unir-se para implementar medidas rigorosas destinadas a reduzir a sobrepesca e a promover práticas de pesca sustentáveis.

A resposta da comunidade global será fundamental para determinar o futuro do atum albacora nestas águas. Sublinha a necessidade urgente de uma acção colectiva que transcenda as fronteiras nacionais e dê prioridade à preservação ecológica em detrimento dos ganhos a curto prazo.

Um dos passos principais é reforçar o papel e a eficácia da Comissão do Atum do Oceano Índico (IOTC), a organização intergovernamental responsável pela gestão do atum e de espécies afins no Oceano Índico.

A IOTC tem sido criticada pela sua falta de transparência, responsabilização e execução, bem como pela sua incapacidade de adotar limites e quotas de captura com base científica.

Outro passo importante é aumentar o envolvimento e a participação dos pescadores de pequena escala e das comunidades costeiras no processo de tomada de decisões.

Estes grupos são frequentemente marginalizados e excluídos dos benefícios da indústria do atum, apesar de serem os mais afetados pelos seus impactos. Eles também possuem conhecimento e experiência local valiosos que podem contribuir para a conservação e gestão do recurso.

Além disso, é necessário sensibilizar e educar os consumidores sobre a origem e a sustentabilidade dos produtos de atum que consomem.

Ao escolher atum certificado por rótulos ecológicos credíveis, como o Marine Stewardship Council (MSC), os consumidores podem apoiar práticas de pesca responsáveis ​​e reduzir a procura de atum sobreexplorado.

A crise do atum albacora é um alerta para que o mundo aja agora e salve esta espécie vital antes que seja tarde demais. Como disse o Dr. Palomares, “O atum albacora do Oceano Índico não é apenas uma fonte de alimento, mas também um símbolo da saúde e resiliência do oceano. Não podemos nos dar ao luxo de perdê-lo.”

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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