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Uma baleia nada mais de 13.000 km e quebra recorde de migração

Stella

Imagine cruzar oceanos inteiros, atravessar continentes e nadar por mais de 13 mil quilômetros em mar aberto. Foi exatamente isso que fez uma baleia-jubarte macho, quebrando todos os recordes conhecidos de migração animal. A façanha, além de impressionar os cientistas, lança luz sobre os mistérios ainda pouco compreendidos das rotas migratórias desses gigantes marinhos.

Uma viagem extraordinária entre o Pacífico e o Índico

Tudo começou em 2013, quando a baleia foi observada pela primeira vez no Golfo de Tribugá, na costa pacífica da Colômbia. Quatro anos depois, ela reapareceu na baía de Solano, a menos de 80 km do local anterior. Mas o que realmente surpreendeu os pesquisadores foi o novo avistamento, em 2022 — desta vez, a cerca de 13.046 quilômetros de distância, próximo a Zanzibar, na Tanzânia, já no oceano Índico.

Essa distância, considerada mínima entre os dois pontos registrados, quebra o recorde mundial de migração de um mamífero marinho. O recorde anterior era de pouco menos de 10 mil quilômetros.

A ciência por trás da identificação

Você pode estar se perguntando: como os cientistas têm certeza de que se trata do mesmo animal? A resposta está na tecnologia. A plataforma Happywhale, que utiliza inteligência artificial para identificar baleias por meio das marcas únicas em suas nadadeiras caudais, foi essencial para rastrear esse viajante oceânico.

Assim como nossas impressões digitais, as marcas na cauda das baleias são exclusivas. Com o auxílio de colaboradores do mundo todo, que enviam fotos para o banco de dados, é possível acompanhar os deslocamentos desses animais com precisão crescente.

O exemplar em questão foi registrado com o código HW-MN1300828, e chamou a atenção da bióloga Ekaterina Kalashnikova, líder de um programa de estudos de cetáceos na Tanzânia.

Por que essa rota tão incomum?

Normalmente, as baleias-jubarte seguem trajetos bem estabelecidos, migrando entre águas tropicais — onde se reproduzem — e regiões mais frias, como o Ártico ou o sul da Antártida, onde se alimentam.

O percurso feito por HW-MN1300828, no entanto, foge completamente desses padrões. A ciência ainda não sabe ao certo o que motivou esse desvio. Entre as hipóteses, estão:

  • Mudanças climáticas, que podem estar alterando a distribuição de alimentos no oceano;
  • Crescimento das populações de jubartes, fruto de décadas de conservação, o que poderia estar incentivando a busca por novas áreas de reprodução;
  • Um possível evento disruptivo durante a migração para o sul, que teria desviado a baleia para leste, até a costa africana.

Adaptação é o segredo para a sobrevivência

Independentemente das razões, esse feito mostra a incrível capacidade desses cetáceos de se adaptarem às transformações do ambiente marinho. Em tempos de mudanças climáticas, poluição e aquecimento dos oceanos, é reconfortante — e ao mesmo tempo desafiador — saber que os animais estão encontrando novas rotas migratórias por conta própria.

Essa migração épica também reforça a importância de programas de monitoramento e proteção da vida marinha, que tornam possível o acompanhamento desses trajetos e contribuem para entender o impacto humano nos oceanos.

Em resumo:

🌊 A baleia-jubarte HW-MN1300828 percorreu mais de 13 mil km, do Pacífico ao Índico, quebrando o recorde de migração animal.
📷 A identificação foi feita com tecnologia de IA, a partir de fotos das nadadeiras caudais.
🌍 A rota incomum pode estar ligada a mudanças no clima e no comportamento da espécie.
🧭 O caso destaca a capacidade de adaptação das baleias, e a necessidade de ampliar os estudos sobre seus hábitos migratórios.

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