Introdução a novas pesquisas sobre a migração dos primeiros povos
Nova pesquisa conduzida pelo Universidade de Sydney lança luz sobre os padrões de migração dos primeiros povos da Austrália e da Nova Guiné, bem como os seus habitats ao longo dos 40.000 anos após a chegada da humanidade ao então unificado continente de Sahul. Este continente incluía a atual Austrália, Tasmânia e Nova Guiné. Os pesquisadores usaram um modelo dinâmico para mapear a paisagem em mudança, oferecendo uma representação mais precisa das áreas habitadas pelos primeiros humanos em Sahul.
Métodos de pesquisa inovadores
A equipe de pesquisa, liderada pelo professor associado Tristan Salles, da Escola de Geociências da Universidade de Sydney, utilizou um modelo que levou em consideração a evolução da paisagem, que foi influenciada pelas mudanças climáticas durante o período de migração humana. Este novo método aprimora os estudos tradicionais de migração que se baseavam principalmente em descobertas arqueológicas. Salles destacou a importância de considerar as mudanças geológicas, afirmando: “Um aspecto esquecido ao avaliar como as pessoas se espalharam pelo continente é a evolução da superfície da Terra que ocorreu à medida que as pessoas migraram”.
Insights de modelos de evolução de paisagem
Os pesquisadores utilizaram um modelo existente de evolução da paisagem que detalhava as mudanças climáticas de 75 mil a 35 mil anos atrás. Este modelo forneceu novos insights sobre os terrenos e ambientes que as primeiras comunidades de caçadores-coletores encontraram ao se deslocarem por Sahul. Realizaram milhares de simulações para delinear potenciais rotas de migração a partir de dois pontos de entrada principais em Sahul: uma rota norte através da Papua Ocidental e uma rota sul a partir da plataforma do Mar de Timor.
Correlação entre sítios arqueológicos e padrões de migração
Suas descobertas apoiaram as evidências arqueológicas existentes, destacando altas probabilidades de ocupação humana em locais importantes como a caverna Ngarrabullgan, o abrigo rochoso de Puritjarra, a caverna Riwi e o abrigo rochoso Carpenter's Gap 1. O estudo estimou velocidades de migração entre 360 metros e 1,15 quilômetros por ano, variando de acordo com os pontos de entrada e horários de chegada. Também indicou que os colonos humanos teriam se espalhado pelo interior do continente usando corredores fluviais ao redor do Lago Carpenteria.
Diversidade Ecológica e Corredores Migratórios
A pesquisa também revelou diversos habitats interiores, desde florestas tropicais de alta altitude e savanas subtropicais até florestas e pastagens semiáridas. Curiosamente, o estudo sugere uma onda radiante de migração ao longo dos rios e costas, alinhando-se com corredores de migração conhecidos. Estas descobertas, combinadas com simulações mecanísticas, poderiam ajudar a identificar novas áreas de interesse arqueológico, potencialmente orientando futuras pesquisas e reduzindo os custos associados.