Animais

Nova ferramenta online rastreia as origens dos produtos de leões caçados furtivamente

Santiago Ferreira

Uma nova ferramenta de conservação desenvolvida pela Universidade de Illinois Urbana-Champaign está a fazer progressos significativos na salvaguarda dos leões de África, cujos números diminuíram nas últimas décadas devido à caça furtiva e outras ameaças.

Esta ferramenta inovadora, chamada Lion Localizer, utiliza um simples teste de DNA para rastrear a origem geográfica dos produtos caçados pelos leões, como dentes, garras, ossos e outras partes do corpo.

Informações cruciais

A origem dos produtos do leão é muitas vezes desconhecida, mas esta informação é crucial para compreender o impacto nas populações locais e alocar recursos de conservação.

“Por exemplo, a população de leões da África Ocidental é minúscula e está muito ameaçada. Não podemos nos dar ao luxo de perder nenhum; contamos indivíduos”, disse Rob Ogden, diretor e cofundador da TRACE Wildlife Forensics Network, que colaborou com a U. of I. no projeto. “Mas se um produto vier da África Oriental, então poderá não ser tão crítico em termos de números populacionais, embora as autoridades ainda precisem de saber disso.”

Localizador de Leão

A TRACE entrou em contato com Alfred Roca, professor da Universidade de I., depois que ele publicou o Loxodonta Localizer para rastrear marfim ilegal em populações de elefantes. Roca juntou-se ao investigador doutorado Wesley Au para construir uma base de dados contendo todas as sequências de ADN mitocondrial de leões relevantes alguma vez publicadas, abrangendo 146 locais em África e na Índia.

“Quando um usuário consulta a sequência de DNA mitocondrial do leão no Lion Localizer, o sistema irá compará-la com o banco de dados de sequências e então fornecer um mapa mostrando onde o leão provavelmente foi caçado”, explicou Au. “Muitas dessas localidades estão ligadas a sequências únicas, o que pode ser especialmente útil para localizar a população fonte.”

Marcadores geográficos

O DNA mitocondrial foi escolhido porque é herdado pela mãe, e as leoas, que vagam menos que os machos, fornecem marcadores geográficos mais permanentes.

Além disso, o tamanho menor do genoma mitocondrial, em comparação com o genoma nuclear, torna viável para laboratórios com equipamento básico extrair e amplificar DNA suficiente para análise no Lion Localizer.

“Muitos laboratórios em África ou nos países de trânsito e de destino que confiscam partes de leões deveriam ser capazes de gerar sequências de ADN mitocondrial”, disse Roca. “É um procedimento de laboratório simples.”

Prevenindo novas quedas

Com apenas 23.000 a 39.000 leões restantes em África, o Lion Localizer pode ser vital na prevenção de novos declínios.

“Do meu ponto de vista, acho que controlar melhor as rotas comerciais – de onde vêm os leões? – vai ajudar muito”, disse Simon Dures, diretor de projeto da TRACE.

“O Lion Localizer foi concebido como uma ferramenta de inteligência. Permite que os países vejam estes padrões e se concentrem em áreas onde os leões não estão particularmente bem na natureza. Apenas dando a eles essa chance extra”, concluiu.

Esta pesquisa está detalhada no Jornal da Hereditariedade e foi apoiado pelo programa VukaNow da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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