Meio ambiente

Consequências do resfriamento: o aumento oculto de carbono no degelo do permafrost

Santiago Ferreira

Um novo estudo destaca que as áreas de permafrost colapsadas emitem muito mais CO2 em resposta ao aquecimento do que as áreas com permafrost intacto, levantando preocupações sobre os impactos acelerados das alterações climáticas. Crédito: Naturlink.com

A investigação indica que as áreas onde o permafrost entrou em colapso emitem significativamente mais CO2 em resposta ao aquecimento climático do que as áreas que não entraram em colapso, com implicações para a dinâmica global do ciclo do carbono.

Os cientistas descobriram que as emissões de dióxido de carbono (CO2) do solo são mais sensíveis ao aquecimento climático em áreas onde o permafrost entrou em colapso em comparação com áreas onde permanece intacto. Esta conclusão vem de um estudo recente publicado em Geociências da Natureza. Ao realizar experiências de aquecimento no terreno e incubações laboratoriais de solos a partir de amostras extensivas, a investigação fornece novos conhecimentos sobre o feedback carbono-clima do permafrost face ao aumento das temperaturas globais.

Efeitos do degelo do permafrost nas emissões de carbono

Em regiões de alta latitude e altitude, as temperaturas mais altas aceleraram significativamente o degelo do permafrost. Aproximadamente 20% da região norte do permafrost sofre um degelo abrupto, conhecido como termocárstico, mas esta região contém cerca de metade de todo o carbono orgânico subterrâneo. O degelo repentino pode alterar dramaticamente a paisagem e as propriedades físicas e biológicas do solo, influenciando fortemente o ciclo do carbono nos ecossistemas.

Paisagem Termocárstica

Paisagem Thermokarst no planalto tibetano. Crédito: Guanqin Wang

Detalhes e metodologia do estudo

Estudos anteriores não conseguiram abordar se os impactos do aquecimento no fluxo de CO2 do solo diferem entre áreas termocársticas e não termocársticas. Para preencher esta lacuna de conhecimento, o professor Yuanhe Yang e a sua equipa do Instituto de Botânica da Academia Chinesa de Ciências exploraram como a formação do termocárstico altera a resposta do solo ao aquecimento climático.

Sua pesquisa utilizou várias metodologias, incluindo um experimento de aquecimento bem replicado conduzido em áreas termocársticas e não termocársticas. Eles descobriram que as áreas termocársticas exibem uma taxa de liberação de CO2 induzida pelo aquecimento que é aproximadamente 5,5 vezes maior do que em áreas não termocársticas.

Descobertas sobre a resposta do fluxo de CO2 ao aquecimento

A equipe analisou mais de 30 fatores potenciais que poderiam afetar o aumento da liberação de CO2 devido ao aquecimento. Eles concluíram que a resposta aumentada em áreas termocársticas se deve principalmente à pior qualidade do substrato do solo e à maior presença de genes microbianos envolvidos na decomposição do carbono orgânico.

Experimentos adicionais incubando solos de seis locais afetados pelo termocárstico ao longo de um transecto de permafrost de 550 km também confirmaram que a formação do termocárstico aumenta significativamente a sensibilidade à temperatura da liberação de CO2, ressaltando uma resposta robusta desses solos ao aquecimento climático.

Implicações globais e projeções futuras

O professor Yang enfatizou o amplo significado de suas descobertas, afirmando: “Como uma exploração preliminar de sua importância global, extrapolando a resposta ao aquecimento do fluxo de CO2 do solo para todas as regiões termocársticas montanhosas no Hemisfério Norte, poderia haver um adicional de 0,4 Pg C ano- 1 da liberação de carbono do solo, que representa cerca de um quarto das perdas projetadas de carbono do solo no permafrost até o final do século 21.”

Esta pesquisa não apenas esclarece as respostas dinâmicas dos solos do permafrost ao aquecimento, mas também ajuda a refinar as projeções sobre os futuros mecanismos de feedback carbono-clima do permafrost.

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago