Animais

A versatilidade da locomotiva ajudou os dinossauros a se adaptarem e sobreviverem

Santiago Ferreira

Pesquisadores da Universidade de Bristol revelaram novos insights sobre a versatilidade locomotiva dos dinossauros, atribuindo a sua adaptabilidade como um fator chave para o seu domínio na Terra durante 160 milhões de anos.

Este estudo, publicado na revista Ciência Aberta da Royal Societydemonstra que os primeiros dinossauros possuíam velocidade e dinamismo superiores em comparação com os seus contemporâneos, o que contribuiu significativamente para o seu sucesso evolutivo.

Estilos de locomoção

Ao analisar as proporções dos membros de vários répteis do período Triássico (252 a 201 milhões de anos atrás) – a era que marcou o surgimento e a ascendência dos dinossauros – a equipe foi capaz de discernir os estilos de locomoção destas criaturas antigas.

Eles distinguiram entre espécies quadrúpedes (quadrúpedes) e bípedes (bípedes), avaliando adicionalmente seu índice de cursorialidade, indicativo de suas capacidades de corrida.

Vantagem evolutiva

As descobertas revelaram que os dinossauros e seus parentes próximos eram inerentemente bípedes e cursoriais, o que significa que seus membros foram evolutivamente moldados para correr. Esta adaptabilidade permitiu-lhes um espectro mais amplo de estilos de corrida do que os seus rivais, os Pseudosuchia, que incluíam os progenitores dos crocodilos de hoje.

“Quando chegou a crise, há 233 milhões de anos, os dinossauros venceram”, disse a autora principal Amy Shipley, estudante de mestrado em Paleobiologia em Bristol. “Naquela época, o clima passou de úmido para seco, intensificando a competição por alimentos. Apesar de serem relativamente poucos em número durante 20 milhões de anos, os dinossauros conseguiram florescer enquanto os pseudosuchianos vacilaram.”

Sobrevivência e expansão

O estudo sugere que a capacidade dos dinossauros para a conservação da água, semelhante à de muitos dos répteis e aves de hoje, juntamente com a sua mobilidade versátil, foram cruciais para a sua sobrevivência e expansão, especialmente após a extinção em massa no final do Triássico.

“Após o fim do Triássico, quando houve uma extinção em massa, os dinossauros expandiram-se novamente”, disse o autor principal do estudo, Mike Benton, professor de Paleontologia na mesma universidade.

“A maioria dos pseudosuchianos foram exterminados pela extinção em massa, exceto os ancestrais dos crocodilos, e descobrimos que esses dinossauros sobreviventes expandiram novamente sua gama de locomoção, ocupando muitos dos nichos vazios.”

Novas idéias

Contrariamente às expectativas, a investigação, de co-autoria do Dr. Armin Elsler, descobriu que os dinossauros não evoluíram a taxas excepcionalmente rápidas.

“Isso foi uma surpresa porque esperávamos ver uma evolução rápida nos avemetatarsianos e uma evolução mais lenta nos pseudosuchianos. O que isto significa é que o estilo de locomoção dos dinossauros era vantajoso para eles, mas não era um motor de intensa seleção evolutiva. Por outras palavras, quando as crises aconteceram, eles estavam bem posicionados para aproveitar as oportunidades após a crise”, explicou Elsler.

Imensamente adaptável

Dr. Tom Stubbs, outro colaborador, destacou o equívoco de que os dinossauros são apenas criaturas massivas e de movimento lento, apontando suas origens como ágeis comedores de insetos bípedes. Essa agilidade e postura variada das pernas permitiram que seus ancestrais navegassem rapidamente em seus ambientes, capturando presas enquanto evitavam predadores maiores.

“E, claro, a sua diversidade de postura e foco na corrida rápida significava que os dinossauros podiam diversificar quando tinham oportunidade. Após a extinção em massa do final do Triássico, temos dinossauros verdadeiramente enormes, com mais de dez metros de comprimento, alguns com armadura, muitos quadrúpedes, mas muitos ainda bípedes como os seus antepassados”, disse o co-autor Suresh Singh. “A diversidade da sua postura e marcha significava que eram imensamente adaptáveis, e isso garantiu um grande sucesso na Terra durante tanto tempo.”

O estudo não só esclarece a capacidade evolutiva dos dinossauros, mas também sublinha a importância da adaptabilidade face às mudanças nas condições ambientais e às crises.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago