Karen Bakker escuta sinais de vida em “The Sounds of Life”
Mesmo nos ambientes mais remotos, o silêncio é uma ilusão. Plantas e animais “batem papo” em linguagens ultra e infrassônicas fora do domínio da percepção humana. As raízes das plantas “escutam” a água corrente. Tartarugas não eclodidas balbuciam para seus irmãos. Os recifes de coral cantam canções de ninar todas as noites para guiar seus jovens de volta para casa.
Em Os sons da vida: como a tecnologia digital está nos aproximando dos mundos dos animais e das plantas (Princeton University Press, 2022), Karen Bakker explora o “mundo oculto do som não humano”. As histórias bem pesquisadas de Bakker mostram os misteriosos estilos de comunicação de baleias, elefantes, tartarugas, corais, plantas, morcegos e abelhas, contados por cientistas que se importam o suficiente para ouvir. Claro, ela ressalta, “muitas das ‘descobertas’ relatadas neste livro são muitas vezes, na verdade, meras redescobertas de formas mais antigas de conhecimento ambiental” – uma admissão refrescante que muitas vezes é omitida em títulos semelhantes sobre natureza.
Usando a crise da biodiversidade como pano de fundo, Bakker explica como as tecnologias novas e antigas ajudam nos atuais esforços de conservação. O movimento Save the Whales foi estimulado por um álbum de 1970 Canções da Baleia Jubarte, contendo as melodias dessas criaturas tagarelas. Os futuros sistemas de monitorização acústica poderão um dia proteger os elefantes de uma série de ameaças potenciais. Essas descobertas científicas não poderiam vir em melhor hora.
Embora Bakker não fuja do lado mais obscuro da ciência – ela poderia, em teoria, ser usada “para explorar e domesticar ainda mais” outras espécies – ela enfatiza que também pode nos inspirar a nos tornarmos administradores do mundo natural. “Somente quando compreendermos o significado dos sons seremos motivados a proteger os organismos que os produzem”, escreve ela. “Se abrirmos nossos ouvidos, um mundo de maravilhas nos aguarda.”