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O tubarão Megalodon era um nadador muito lento e com um apetite enorme

Santiago Ferreira

Um novo estudo sugere que o tubarão Megalodon era um nadador mais lento, que dependia de seu sangue quente para a digestão e absorção de nutrientes. O notório Megalodon, ou ‘tubarão megadente’, é mais conhecido por seu tamanho gigantesco e reputação mortal.

Este estudo foi liderado pelo professor Kenshu Shimada, professor de paleobiologia na Universidade DePaul, juntamente com sua equipe de pesquisadores. Apresenta uma compreensão totalmente diferente do estilo de vida e da biologia do Otodus megalodon.

Este tubarão fóssil, que viveu em quase todo o mundo entre 15 e 3,6 milhões de anos atrás, atingiu um comprimento máximo de 20 metros.

Pequenas escamas encontradas contam uma história muito diferente do Megalodon

A pesquisa foi conduzida com base em escalas minúsculas, chamadas precisamente de “escalas placóides”. Os pesquisadores encontraram essas escamas em pedaços de rocha que cercavam uma dentição previamente descrita do fóssil de tubarão do Japão. Estas escamas aparentemente insignificantes abriram agora uma nova perspectiva sobre o Megalodon.

Como afirmou o professor Shimada: “As nossas grandes descobertas científicas provêm de ‘pequenas evidências’, tão pequenas como grãos de areia”.

Anteriormente, a compreensão da biologia de O. megalodon baseava-se principalmente em seus enormes dentes e vértebras. Acreditava-se amplamente que O. megalodon, sendo parcialmente de sangue quente ou regionalmente endotérmico – como os grandes tubarões predadores modernos e ativos, como makos e grandes tubarões brancos – era um nadador rápido e ativo.

Este novo estudo, no entanto, contraria essa suposição. Isso indica que as pequenas escamas placóides do Megalodon não possuem as cristas ou ‘quilhas’ estreitamente espaçadas, normalmente encontradas em tubarões que nadam rapidamente.

“Isso levou minha equipe de pesquisa a considerar O. megalodon um ‘nadador médio’, com rajadas ocasionais de natação mais rápida para captura de presas”, explicou Shimada.

Se Megalodon tivesse sangue quente, para onde foi o calor?

Esta revelação dá origem a um novo paradoxo. Um estudo recente, no qual Shimada também desempenhou um papel significativo, forneceu apoio substancial para a presença de endotermia regional em O. megalodon.

No entanto, surge a questão: como é que o tubarão fóssil gastou o elevado nível de calor metabólico gerado pelo seu sangue quente se não fosse um nadador rápido?

Depois de examinar a literatura existente, a equipe de pesquisa descobriu um aspecto negligenciado da fisiologia do corpo endotérmico que poderia responder a esta questão. Isso envolve facilitar a digestão e a absorção e processamento de nutrientes – aspecto que não havia sido considerado no contexto biológico do O. megalodon.

“De repente, fez todo o sentido”, disse Shimada, acrescentando: “Otodus megalodon deve ter engolido grandes pedaços de comida, então é bem possível que o tubarão fóssil tenha alcançado o gigantismo para investir seu metabolismo endotérmico para promover o processamento visceral de alimentos”.

Portanto, o Megalodon, na realidade, poderia ter sido menos um terror dos mares. Muito provavelmente, era um cruzador lento e constante. Megalodon utilizou seu sangue quente não para velocidade, mas para processar eficientemente seus alimentos e absorver nutrientes.

A investigação promete aprofundar a nossa compreensão destas magníficas criaturas do passado e dos mecanismos evolutivos que as impulsionaram.

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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