Animais

Nova cobra do café descoberta nas florestas nubladas do Equador

Santiago Ferreira

Pesquisadores da Fundação Khamai e da Universidade Liberty identificaram uma nova espécie de cobra do café nas florestas nubladas do noroeste do Equador.

Esta descoberta, liderada pelo biólogo Alejandro Arteaga, representa uma contribuição significativa para a biodiversidade da região e lança luz sobre os complexos ecossistemas dos Andes.

Répteis do Equador

Arteaga encontrou pela primeira vez esta espécie única na província de Pichincha, no Equador. Sua descoberta ocorreu enquanto procurava animais para aparecer em seu próximo livro, “Répteis do Equador”.

A descoberta de Arteaga não é apenas um triunfo científico, mas também um marco pessoal. “Esta é a espécie número 30 que descobri, de uma meta de 100.”

Cobra-café de Tudor

A cobra recém-identificada, chamada Cobra do Café de Tudor, exibe características típicas das cobras do café, mas se distingue por suas características únicas e habitat específico. Essas cobras residem predominantemente em plantações de café, uma escolha de habitat influenciada pela destruição de seus ambientes nativos de floresta nublada.

Endêmica das encostas do Pacífico dos Andes, no noroeste do Equador, a cobra-café de Tudor prospera em altitudes que variam de 1.000 a 1.500 metros acima do nível do mar.

Esforços de conservação

Embora a espécie não enfrente atualmente ameaças imediatas de extinção, aumentam as preocupações sobre o potencial declínio das suas populações. Isto é atribuído ao desmatamento contínuo impulsionado pela exploração madeireira e pelas atividades de mineração em grande escala, que estão fragmentando e esgotando o habitat natural da cobra.

A descoberta da Cobra do Café de Tudor é mais do que um mero acréscimo à lista de espécies conhecidas; representa um passo crucial para destacar a importância da conservação do ecossistema da floresta nublada.

Os investigadores esperam que esta descoberta atraia mais atenção para a necessidade de investigação e esforços de conservação em habitats modificados pelo homem em torno das florestas nubladas, tais como plantações de café e pastagens.

Homenagem a Guy Tudor

Numa comovente homenagem, o nome desta nova espécie homenageia Guy Tudor, um aclamado naturalista e ilustrador científico conhecido pelo seu profundo amor pelas aves e pela vida selvagem. Suas contribuições para a conservação das aves da América do Sul por meio de seus trabalhos artísticos foram impactantes, o que os pesquisadores reconheceram em seu artigo.

A pesquisa vai além da curiosidade acadêmica, servindo a um propósito maior de conservação. Arteaga e a sua equipa estão a aproveitar a nomeação de novas espécies como uma nova abordagem para financiar iniciativas de conservação. Em particular, a identificação da Cobra do Café Tudor desempenhou um papel fundamental no apoio à proteção da Reserva Buenaventura, um importante hotspot de biodiversidade no Equador.

Mais sobre cobras de café

O gênero de cobras Ninia, comumente conhecido como cobra do café ou cobra do café coral, pertence à família Colubridae. Essas cobras são pequenas, normalmente crescendo apenas cerca de 20 a 30 centímetros de comprimento. Eles são encontrados principalmente na América Central e no norte da América do Sul, prosperando em uma variedade de habitats, incluindo florestas, plantações e, às vezes, em áreas mais urbanas.

Mimetismo

O que é interessante sobre o gênero Ninia é sua semelhança com as cobras corais, muito mais perigosas, que imitam na coloração. Esse mimetismo serve como mecanismo de defesa, dissuadindo predadores que possam confundi-los com seus sósias venenosos. Apesar de sua aparência, as cobras Ninia não são venenosas e não representam ameaça aos humanos.

Dieta

Sua dieta consiste principalmente de pequenos invertebrados, com especial predileção por minhocas. As cobras Ninia se adaptaram para serem escavadores eficientes, o que auxilia na caça de suas presas. Eles têm uma natureza secreta e são frequentemente encontrados sob troncos, pedras ou folhas.

Reprodução

A reprodução nas cobras Ninia é ovípara, o que significa que põem ovos. As fêmeas normalmente põem pequenas ninhadas de ovos e há pouco ou nenhum cuidado parental depois que os ovos são postos. Os jovens são independentes desde o nascimento e são versões em miniatura dos adultos, tanto no comportamento quanto na aparência.

O estudo está publicado na revista Sistemática Evolucionária.

Crédito da imagem: Alejandro Arteaga

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago