Animais

Como os mamíferos aquáticos mantêm o pelo limpo debaixo d’água

Santiago Ferreira

O mundo natural muitas vezes detém a chave para resolver problemas complexos, e um estudo recente sobre as propriedades autolimpantes da pele em mamíferos aquáticos é uma prova disso.

Esta investigação fascinante de Andrew Dickerson e dos seus colegas revela como criaturas como castores e lontras conseguem manter o seu pêlo livre de sujidade, apesar de viverem em ambientes propícios à incrustação – um processo em que as superfícies acumulam sujidade, algas e bactérias.

Papel da flexibilidade da pelagem em mamíferos aquáticos

Uma das descobertas mais intrigantes do estudo é a descoberta de que a capacidade da pele de dobrar e flexionar desempenha um papel crucial nas suas propriedades anti-incrustantes.

Esta revelação surgiu de uma experiência onde os cientistas observaram peles sob um fluxo de água suja contendo dióxido de titânio, uma substância conhecida pela sua tendência a aderir às superfícies.

Eles descobriram que a pele deixada mover-se livremente na água coletava menos da metade da sujeira em comparação com a pele mantida rígida.

Implicações mais amplas para os têxteis

A equipe de Dickerson examinou as propriedades únicas da pele de vários animais, incluindo castores, lontras e outras espécies menos afiliadas à água, como gazelas e coiotes.

Ao analisar como a pele respondeu à exposição contínua à água contaminada, a equipe obteve informações valiosas sobre os fatores que contribuem para a limpeza da pele.

As implicações desta pesquisa vão além da compreensão da higiene animal. A incrustação é um problema significativo em contextos industriais, muitas vezes exigindo métodos de gestão que consomem muita energia e são prejudiciais ao meio ambiente.

Tecnologias anti-incrustantes

Os conhecimentos obtidos com o estudo das peles de mamíferos poderão inspirar tecnologias anti-incrustantes mais sustentáveis, revolucionando potencialmente a forma como abordamos os desafios em ambientes marinhos, sistemas de abastecimento de água e até mesmo em aplicações médicas.

Um caminho promissor é o desenvolvimento de superfícies que imitem a flexibilidade e a textura da pele. Isto poderia levar a materiais inovadores que resistem à incrustação sem a necessidade de produtos químicos nocivos.

No entanto, a complexidade do processo de incrustação e as diversas propriedades da pele significam que ainda há muito a aprender.

Como se comporta a pele dos mamíferos aquáticos

A interação dos fios de pele, sua textura, comprimento, formato da seção transversal e as condições ambientais que enfrentam desempenham um papel na eficácia com que resistem à sujeira e à fuligem.

Além disso, os investigadores estão a explorar o papel do movimento do pêlo, uma vez que os fios não funcionam isoladamente, mas limpam-se uns aos outros através do contacto mútuo à medida que o animal se move.

No entanto, nem todos os mamíferos aproveitaram esta capacidade anti-incrustante. A preguiça, uma exceção notável, hospeda frequentemente algas no seu pêlo, destacando a diversidade e adaptabilidade das soluções da natureza aos desafios ambientais.

Em resumo, à medida que continuamos a desvendar os segredos das propriedades autolimpantes das peles, o potencial para soluções novas e ecológicas para problemas de longa data torna-se cada vez mais evidente.

Esta pesquisa é apenas o começo do que promete ser uma viagem emocionante ao mundo da biomimética e da inovação sustentável.

O estudo completo foi publicado na revista científica Interface da Sociedade Real.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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