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Brasil assiste à descoberta inédita de híbrido entre cão e raposa

Stella

A descoberta de um híbrido inédito entre um cão e uma raposa no Brasil surpreendeu veterinários e geneticistas, desafiando conceitos tradicionais de reprodução interespécies. Em meados de 2021, durante um plantão em uma clínica no Rio Grande do Sul, um animal ferido em um acidente automobilístico revelou-se muito mais do que um simples acolhimento de emergência.

Um híbrido de raríssima ocorrência

O filhote, apelidado de dogxim, chegou à equipe do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Pelotas com sinais de ter sido atropelado. Lembro-me de um dia em que, como estagiário, acompanhei a movimentação dos colegas: todos queriam ver aquele animal que não se encaixava em nenhuma descrição comum. Exames iniciais não batiam: seu corpo mesclava a pelagem densa e áspera de um raposa-da-pampa com o focinho mais curto e as patas robustas de um cão doméstico.
Só os testes genéticos conseguiram explicar o mistério: com 76 cromossomos, o filhote herdou 74 cromossomos do raposa-da-pampa (Lycalopex gymnocercus) e 78 do cão (Canis lupus familiaris), segundo estudo publicado em 2022 na revista Animals. Essa combinação única conferiu-lhe orelhas pontudas, cauda espessa e um comportamento híbrido: latia e corria atrás de brinquedos, mas também espreitava roedores com o olhar selvagem típico das raposas.

Outros híbridos com cães?

Embora este seja o primeiro registro confirmado de cruzamento entre raposa e cão, a hibridação entre cães domésticos e espécies selvagens já foi observada com coyotes, lobos e dingos em diversas regiões do mundo. Pesquisas do Centro de Conservação de Carnívoros da Universidade de Oxford indicam que, em áreas onde habitats se sobrepõem, esses encontros podem ocorrer naturalmente, embora, na maioria das vezes, sem prole viável. No caso do dogxim, cientistas acreditam que ele poderia ter reproduzido, mas acabou falecendo por causas ainda não determinadas.

Essa descoberta inusitada reforça a importância de monitorar interações entre animais domésticos e selvagens, além de destacar o Brasil como palco de achados surpreendentes na fronteira da genética e da conservação animal.

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