As aves marinhas pelágicas, que passam a maior parte da sua vida no oceano, são, em muitos aspectos, ainda misteriosas em comparação com as nossas espécies terrestres. A observação direta dessas aves é um desafio, exceto pelo breve período de tempo em que elas se aventuram em terra para nidificar e criar filhotes.
Um novo estudo da Universidade de Swansea, no Reino Unido, abre uma janela para um aspecto da vida das aves marinhas pelágicas – como sobrevivem às tempestades. A investigação centrou-se especificamente nas cagarras do Mar do Japão.
A equipe foi liderada pela professora Emily Shepard e pelo Dr. Emmanouil Lempidakis, de Swansea, e incluiu cientistas da Universidade de Nagoya, da Universidade de Leeds e do Instituto de Tecnologia de Nagoya. Os investigadores marcaram cagarras adultas com rastreadores GPS durante um período de 11 anos.
Quando os dados do GPS foram analisados e comparados com o movimento do vento, a equipe ficou surpresa com o que encontrou. Parecia que as cagarras se dirigiam para os olhos das tempestades.
“Ficámos surpreendidos quando vimos, pelos rastreios do GPS, que cagarras voavam em direção ao centro da tempestade, e por vezes acompanhavam-na durante várias horas. Isto é diferente de qualquer resposta a tempestades já vista em aves marinhas”, disse o professor Shepard.
Os cientistas acreditam que as cagarras estão a exibir este comportamento para evitar serem lançadas à terra e possivelmente feridas ou mortas.
“As cagarras, tal como os albatrozes, estão adaptadas às condições de vento, pois o seu estilo de voo permite-lhes voar sem muitas oscilações quando está vento, mas chega um ponto em que a sua velocidade de voo não consegue igualar a velocidade do vento”, explicou o Dr. “Quando isso acontece, os pássaros começam a flutuar com o vento, e é por isso que ficamos surpresos ao ver que eles voam em direção a alguns dos ventos mais fortes dos tufões.”
Os pesquisadores descobriram que alguns pássaros evitavam tempestades voando pelas bordas, mas apenas quando estavam no mar, sem perigo de atingir a terra. Este comportamento poderia explicar por que muitos pássaros jovens aparecem após as tempestades. Essas aves simplesmente não têm experiência para saber onde está localizada a terra.
O estudo está publicado no Anais da Academia Nacional de Ciências.
–
Por Zach Fitzner, Naturlink Funcionário escritor