Um novo estudo revela que os macacos vervet apresentam diversas “normas” sociais e comportamentos que são comparáveis aos costumes humanos, variando significativamente entre diferentes comunidades.
Liderada por Elena Kerjean, da Universidade de Lausanne, a equipa de investigação passou nove anos observando macacos vervet e a sua dinâmica social única.
“Ao longo das últimas décadas, os estudos da tradição animal não só ajudaram os investigadores a compreender melhor a diversidade dos repertórios comportamentais intraespécies, mas também a desvendar as raízes evolutivas e as pressões selectivas que levaram ao surgimento da cultura”, escreveram os investigadores.
Roupas sociais
O estudo fornece novos insights sobre os comportamentos sociais desses primatas. Kerjean explicou que a pesquisa descobriu tradições comportamentais de costumes sociais em macacos vervet que são estáveis ao longo de nove anos.
Esta descoberta desafia a compreensão anterior do comportamento animal, pois demonstra uma estrutura social complexa dentro dos grupos de macacos vervet, semelhante às sociedades humanas.
Atmosferas sociais
Uma das principais conclusões do estudo é a identificação de diferentes “atmosferas sociais” dentro dos grupos de macacos vervet.
Esses ambientes, caracterizados por costumes sociais variados, são transmitidos de geração em geração, indicando uma forma de aprendizagem social.
Conformidade social
A equipa também descobriu um aspecto notável da adaptação social: quando os macacos machos mudavam para um novo grupo, adaptavam rapidamente os seus comportamentos sociais para se alinharem com as normas da sua nova comunidade. Este comportamento sugere um elemento de conformidade social e pressão dos pares entre os macacos vervet.
“Os homens adaptaram a sua sociabilidade ao grupo ao qual se integraram, o que acreditamos ser um bom exemplo de conformidade social”, disse Kerjean.
“Esta regra normativa – agir como os outros – provavelmente os ajuda a se integrarem melhor num novo grupo. Este efeito de conformidade já havia sido demonstrado através de um novo experimento alimentar, mas esta é a primeira vez que observamos isso com o comportamento social.”
Comportamentos distintos
Kerjean, juntamente com as suas colegas Erica van de Waal e Charlotte Canteloup, analisaram mais de 84.000 interações sociais entre quase 250 macacos vervet.
A análise revelou comportamentos sociais distintos num grupo, denominado Ankhase (AK), onde os macacos mostraram uma maior tendência para o aliciamento recíproco em comparação com outros grupos. Neste grupo, o aliciamento era mais justo, com os indivíduos cuidando uns dos outros reciprocamente, criando uma interação social mais equilibrada.
“Você pode pensar nisso como trocas de massagens entre indivíduos”, explicou Kerjean. “Se eu lhe fizer uma massagem 100 vezes por ano, mas você só fizer isso duas vezes, posso achar que nossa relação é bastante injusta. Esse é o tipo de diferenças que observamos entre nossos grupos.”
Implicações do estudo
A pesquisa lança luz sobre as estruturas e normas sociais dos macacos vervet. Também oferece novas perspectivas sobre o comportamento animal e a aprendizagem social.
As descobertas da equipa indicam que as normas sociais entre os macacos vervet não são apenas diversas, mas também estáveis ao longo do tempo, sugerindo um nível mais profundo de complexidade social do que se entendia anteriormente.
Olhando para o futuro, os investigadores gostariam de aprender mais sobre como as tradições sociais são introduzidas e transmitidas. Eles estão especialmente curiosos para explorar o papel de indivíduos ou líderes-chave na pressão sobre os recém-chegados para acompanharem a incidência.
O estudo está publicado na revista iCiência.
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