Meio ambiente

Foguetes SpaceX criam auroras vermelhas enquanto abrem buracos na ionosfera

Santiago Ferreira

Você já viu uma aurora vermelha? Se você mora nas latitudes norte ou sul, talvez esteja familiarizado com as cortinas de luz verdes e rosa que às vezes dançam no céu noturno.

Estas são causadas pelo vento solar, um fluxo de partículas carregadas do sol, interagindo com o campo magnético e a atmosfera da Terra.

Mas e se você vir um brilho vermelho que parece uma aurora, mas não é causado pelo sol? Foi exatamente isso que alguns astrónomos e fotógrafos testemunharam nos últimos anos, e o culpado não é outro senão a SpaceX, a empresa espacial privada fundada por Elon Musk.

Como os foguetes SpaceX criam Auroras Vermelhas

A SpaceX é conhecida por seus foguetes reutilizáveis, que podem lançar satélites, cargas e até humanos em órbita e depois pousar de volta na Terra para missões futuras.

Isto reduz o custo e o impacto ambiental da exploração espacial, mas também tem algumas consequências indesejadas. Uma delas é a criação de auroras vermelhas, ou “auroras SpaceX”, como alguns as chamam.

As auroras vermelhas são causadas pelo segundo estágio do foguete Falcon 9, que é a parte que leva a carga até o destino final.

Depois de liberar a carga útil, o segundo estágio realiza uma queima de órbita, o que significa que aciona seus motores para desacelerar e reentrar na atmosfera, onde queima e se desintegra.

Isto é feito para evitar a criação de mais detritos espaciais, o que poderia representar uma ameaça para outros satélites e naves espaciais.

No entanto, à medida que o segundo estágio desce, ele passa por uma camada da atmosfera chamada ionosfera, que é uma região de moléculas de gás eletricamente carregadas, principalmente oxigênio.

A ionosfera é importante para a comunicação por rádio, pois reflete e refrata as ondas de rádio. É também onde ocorre a maioria das auroras, pois o vento solar excita os íons de oxigênio e os faz emitir luz verde e vermelha.

O problema é que o escapamento do foguete, que contém água e dióxido de carbono, fornece elétrons extras que podem se recombinar com os íons de oxigênio, transformando-os novamente em átomos.

Este processo libera fótons, ou partículas de luz, no mesmo comprimento de onda das auroras vermelhas. O resultado é um brilho vermelho brilhante que pode ser visto a centenas de quilômetros de distância, especialmente com uma câmera.

Por que os cientistas estão preocupados com as Auroras Vermelhas

As auroras vermelhas podem parecer bonitas e inofensivas, mas são um sinal de perturbação na ionosfera.

A exaustão do foguete cria um buraco temporário na ionosfera, que pode afetar a propagação das ondas de rádio.

Isto poderia ter implicações para a navegação, comunicação e astronomia, bem como para o estudo da própria ionosfera.

De acordo com Jeffrey Baumgardner, físico espacial da Universidade de Boston, as auroras vermelhas são um fenômeno bem estudado que ocorre quando motores de foguete disparam na faixa de altitude de 200-250 quilômetros (124-155 milhas).

Ele disse que o efeito é semelhante a uma explosão solar, que também pode causar buracos ionosféricos e apagões de rádio.

No entanto, ele acrescentou que o impacto dos foguetes SpaceX não é bem compreendido e que são necessárias mais pesquisas para avaliar os riscos e benefícios potenciais.

Um dos desafios é que as auroras vermelhas não são fáceis de prever ou monitorizar. Eles dependem do tempo, da trajetória e da altitude dos lançamentos dos foguetes, bem como das condições atmosféricas e da atividade solar.

Eles também não são visíveis a olho nu e só podem ser detectados por instrumentos ou câmeras especializadas.

Isto torna difícil medir o seu tamanho, forma e duração, e avaliar os seus efeitos na ionosfera e nas ondas de rádio.

Outro desafio é que as auroras vermelhas não são exclusivas dos foguetes SpaceX. Outros foguetes, como o Titan IV, também foram conhecidos por causar isso no passado.

Além disso, à medida que a procura por lançamentos espaciais aumenta, mais foguetes de diferentes países e empresas poderão criar mais auroras vermelhas no futuro.

Isto poderia representar um problema para a coordenação e regulação das atividades espaciais, bem como para a preservação do ambiente natural.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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