Milhares de plantas e animais são classificados como “deficientes em dados” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A deficiência de dados significa que não há informações adequadas para avaliar o risco de extinção destas espécies. Agora, um novo estudo revelou que mais de metade de todas as espécies menos conhecidas podem estar ameaçadas de extinção.
“Observamos espécies que são relativamente pouco conhecidas, mas onde pelo menos a distribuição geográfica é conhecida. Estas espécies tendem a ser ameaçadas de extinção com mais frequência do que aquelas sobre as quais sabemos mais”, explicou a co-autora do estudo, Professora Francesca Verones, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU).
No geral, a IUCN listou 20.469 espécies como tendo dados deficientes. A equipe de pesquisa usou o aprendizado de máquina para calcular o risco de extinção de 7.699 espécies pouco conhecidas, explicou o coautor do estudo, Jan Borgelt.
Em comparação com casos individuais que os pesquisadores analisaram manualmente, as probabilidades criadas pelo modelo computacional foram extremamente precisas.
“Descobrimos que até 85% dos anfíbios sobre os quais temos conhecimento limitado estão em perigo de extinção. Para outros grupos, como mamíferos e répteis, isto se aplica a cerca de metade das espécies”, disse Borgelt.
Embora espécies desconhecidas para nós muitas vezes enfrentem uma batalha difícil, o consolo é que o novo conhecimento pode ser de grande utilidade se usado corretamente, disse Borgelt. “Mais áreas poderiam tornar-se dignas de medidas de proteção se levarmos em conta espécies sobre as quais temos poucos dados.”
Borgelt destacou ainda que a intenção da utilização dos modelos não é substituir o trabalho realizado pelos pesquisadores, mas fornecer uma primeira estimativa do risco de extinção de espécies nos casos em que ainda não há dados suficientes.
“A Lista Vermelha avalia os riscos de extinção e reporta a categorização da Lista Vermelha para mais de 140.000 espécies com base num conjunto de critérios quantitativos10 que se baseiam, por exemplo, na extensão da ocorrência, área de ocupação, tendências populacionais ou tamanho da população”, explicaram os autores do estudo.
“No entanto, a grande quantidade de espécies conhecidas e desconhecidas a nível mundial, a natureza dinâmica das ameaças e tendências e os recursos humanos limitados para realizar tais avaliações da Lista Vermelha transformam este esforço crítico numa tarefa de Sísifo.”
“Consequentemente, apenas uma pequena proporção das espécies conhecidas foi avaliada quanto à sua prioridade de conservação até agora, distribuídas de forma desigual no espaço, no tempo e nos táxons.”
O estudo está publicado na revista Biologia das Comunicações.
––
Por Chrissy Sexton, Naturlink Funcionário escritor