Animais

As cobras dipsadinas têm crânios que evoluem para atender às suas necessidades

Santiago Ferreira

Pesquisadores da Universidade do Texas em Arlington descobriram que os crânios das cobras dipsadinas estão fortemente correlacionados com seu habitat e dieta.

O estudo revela que, nessas cobras da América Central e do Sul, o formato do crânio evoluiu e se adaptou para atender às suas necessidades.

Significância do estudo

Gregory Pandelis, do Centro de Pesquisa sobre Diversidade de Anfíbios e Répteis da UTA, enfatizou a importância deste estudo.

“Agora temos evidências de que este grupo de cobras é uma das mais espetaculares e maiores radiações adaptativas de vertebrados atualmente conhecidas pela ciência”, disse Pandelis.

“Descobrimos que tanto o uso do habitat como as preferências alimentares estão fortemente correlacionados com a forma do crânio neste grupo de cobras, indicando que estes são factores prováveis ​​que impulsionam a evolução craniana destas espécies.”

Cobras dipsadinas

As cobras dipsadinas variam em tamanho de menos de 30 centímetros a mais de 2,7 metros. Eles têm preferências alimentares que variam de animais maiores, como pássaros e sapos, a presas menores, como ovos de sapo e vermes.

“As cobras dipsadinas representam uma das radiações vertebradas mais espetaculares que ocorreram em qualquer ambiente continental, com mais de 800 espécies na América do Sul e Central”, escreveram os autores do estudo.

“Sua riqueza de espécies é acompanhada por uma impressionante diversidade ecológica, que vai desde especialistas em comedores de caracóis arborícolas e comedores de enguias aquáticas até generalistas terrestres.”

Foco do estudo

O estudo concentrou-se na evolução do crânio e no seu significado funcional para as cobras, especialmente considerando a falta de membros. O formato do crânio é crucial para a aquisição de presas, ingestão, navegação em habitats, seleção de parceiros e defesa contra predadores.

Os crânios das cobras permitem-lhes manobrar no ambiente e consumir presas muito maiores do que o seu tamanho sugere.

Como a pesquisa foi conduzida

Para analisar a evolução do crânio, a equipe criou reconstruções digitais em 3D de 160 crânios de cobras dipsadinas usando tomografia computadorizada de raios X (tomografia computadorizada) de espécimes de museu.

Eles combinaram isso com morfometria geométrica e dados de campo sobre os estilos de vida e dietas das cobras para examinar a relação entre o formato do crânio e a ecologia.

Insights críticos

“Nossa pesquisa mostra que as cobras aquáticas (água) ou fossoriais (moradores subterrâneos) parecem ter a pressão seletiva mais forte em seus crânios, e a convergência evolutiva é galopante entre esses grupos”, explicou Pandelis.

“Existem apenas algumas boas soluções evolutivas para os difíceis problemas de tentar mover-se eficientemente através da terra e da água.”

Pandelis disse que o estudo fornece informações importantes sobre como as cobras se adaptam às suas formas altamente únicas de comer e habitar seus ambientes, embora ainda haja muito que ainda não sabemos sobre esses animais enigmáticos e fascinantes.

Implicações do estudo

“Tanto o habitat quanto a ecologia alimentar estão significativamente correlacionados com o formato do crânio nas dipsadinas; as relações mais fortes envolviam o formato do crânio em cobras com estilos de vida aquáticos e fossoriais”, escreveram os autores do estudo.

“Esta associação entre a morfologia do crânio e vários eixos ecológicos é consistente com um modelo clássico de radiação adaptativa e sugere que os fatores ecológicos foram um componente importante na condução da diversificação morfológica na mega radiação dipsadina.”

O estudo está publicado na revista Ecologia BMC.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago