Animais

Uma busca por “Até onde a luz chega”

Santiago Ferreira

O novo livro de Sabrina Imbler traça conexões profundas entre as maravilhas da vida

Em um dia quente de setembro, “montes brilhantes de bolhas gelatinosas” encheram o oceano perto de Riis Beach, na cidade de Nova York. Essas bolhas eram provavelmente salpas – invertebrados marinhos que sobrevivem em cadeias de clones, crescendo e se movendo como uma unidade. Para Sabrina Imbler, as salpas que encontraram naquele dia na praia foram um espelho da comunidade queer que ali encontra alegria e união. A praia é, como escreve Imbler em Até onde a luz chega: uma vida em dez criaturas marinhas (Little, Brown; 2022), “onde posso ver todas as pessoas que amo, ou pelo menos todas as pessoas que amo que são queer e moram em Nova York”. É um lugar para “absorver todo esse amor até que ele role pelas nossas costas no sal e pulemos, gritando, na água”.

Imbler traça conexões profundas entre a maravilha da vida escondida no oceano e suas próprias experiências de vida. Em 10 ensaios, eles demonstram empatia e celebram a vivacidade da microfauna e das criaturas incomuns em todas as profundezas do oceano. Cada ensaio floresce com anedotas e reflexões pessoais: A forma de uma baleia é como o arco de um relacionamento; as listras brilhantes de um peixe-borboleta refletem a identidade mestiça do autor; a fome de um polvo lembra uma alimentação desordenada. Os ensaios resistem a resumos organizados e conclusões claras. Em vez disso, Imbler expõe a confusão inerente de viver uma vida – quer essa vida ocorra debaixo d’água ou em terra.

“De certa forma, sempre será perigoso viver nesta terra”, escreve Imbler, a propósito do choco. Mas Imbler é impulsionado pela resiliência duradoura das criaturas na água – as comunicações visuais enigmáticas dos chocos, a luta do esturjão pela sobrevivência no rio Yangtze, a busca do caranguejo Yeti por um lar nas fontes hidrotermais. “A vida sempre encontra um lugar para começar de novo”, escreve Imbler, “e as comunidades necessitadas sempre se encontrarão e inventarão novas maneiras de brilhar, juntas, no escuro”.

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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