Um estudo recente da Universidade de Helsínquia revelou que as turfeiras do norte têm vindo a expandir-se em tamanho ao longo dos últimos séculos. Esta conclusão contrasta com a crença anterior de que o crescimento das turfeiras na Fennoscandia tinha parado ou abrandado consideravelmente, uma vez que se presumia que todas as regiões planas propícias ao desenvolvimento da turfa já tinham sido transformadas em turfeiras.
O estudo realizado teve como objetivo investigar como as turfeiras se expandiram e o que isso significa para os sumidouros de carbono e as paisagens naturais. Além disso, os investigadores examinaram o efeito dos incêndios florestais e das condições locais, como a topografia e a composição do subsolo, na expansão das turfeiras.
“Nosso estudo desafia a suposição anterior de que a expansão lateral das turfeiras foi interrompida ou desacelerada na Fennoscandia. Pelo contrário, a expansão lateral acelerou nos últimos 1.500 anos”, afirma o investigador doutoral Teemu Juselius-Rajamäki, da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais.
“Embora a taxa de crescimento nos solos arenosos, de cascalho e de lavoura estudados seja moderada em comparação com as taxas medidas em solos argilosos planos, isso se traduz na expansão contínua das turfeiras em, em média, aproximadamente um centímetro por ano”, acrescenta Juselius-Rajamäki.
As turfeiras são ecossistemas significativos de sequestro e armazenamento de carbono, e o crescimento das turfeiras pode, de facto, aumentar significativamente a quantidade de carbono ligado à turfa no futuro. Ao mesmo tempo, se as novas turfeiras forem tipos de turfeiras muito húmidas dominadas por ciperáceas, as suas emissões de metano podem inicialmente ser elevadas.
Os ecossistemas de turfeiras são entidades naturais famintas de energia e orientadas para a expansão
O estudo levanta questões sobre o desenvolvimento de turfeiras e margens florestais. No estudo, descobriu-se que os ecossistemas de turfeiras são expansivos por natureza, o que é importante considerar ao estabelecer limites para áreas de conservação e em planos de restauração. Além disso, o estudo abre uma oportunidade para compreender o papel das novas turfeiras como futuros estoques de carbono e fontes de metano.
Levar em conta o interesse crescente no carbono armazenado nas turfeiras enfatiza a natureza atual da questão. Em comparação com as florestas, as turfeiras têm recebido menos atenção no debate sobre o carbono, embora constituam um enorme stock de carbono.
“De acordo com estimativas, ainda existe capacidade para armazenar quase 900 mil milhões de toneladas de carbono nas turfeiras do norte. Este estudo contribui para aumentar a nossa compreensão do ambiente das turfeiras e fornece informações valiosas para apoiar a tomada de decisões futuras”, afirma a Professora de Mudanças Ambientais Atte Korhola, que liderou o estudo.
O estudo baseou-se em amostras de turfa datadas por radiocarbono, que permite determinar a idade das camadas basais da turfa. Embora a datação por radiocarbono seja cara e limite o número de amostras, a acumulação de dados de investigação proporcionará uma melhor compreensão do desenvolvimento das turfeiras.
Em termos de ecologia das turfeiras e da prevenção das alterações climáticas, o conhecimento relativo à expansão lateral das turfeiras do norte é importante. Este estudo fornece informações valiosas sobre margens de turfeiras significativas, mas negligenciadas.