Um artigo de pesquisa pioneiro redefine os conceitos tradicionais de bens comuns globais, propondo uma estrutura mais ampla conhecida como “Bens Comuns Planetários”.
Um artigo de pesquisa inovador, publicado recentemente na revista Anais da Academia Nacional de Ciências (PNAS), desafia as noções convencionais de bens comuns globais e defende uma estrutura mais expansiva chamada “Bens Comuns Planetários”.
O estudo, conduzido por uma equipe colaborativa de 22 pesquisadores internacionais líderes – incluindo o professor Louis Kotzé, professor sênior da Lincoln Law School, e o professor Duncan French, chefe da Faculdade de Saúde e Ciência e professor de Direito Internacional – durante quase dois anos, apela a uma mudança de paradigma na governação global para salvaguardar eficazmente os sistemas críticos da Terra.
O conceito tradicional de bens comuns globais, que abrange recursos partilhados para além das fronteiras nacionais, como os oceanos profundos, o alto mar, a atmosfera e a Antártida, é expandido pelos investigadores. Eles argumentam que estes bens comuns globais devem incluir não apenas regiões geográficas, mas também sistemas biofísicos críticos que regulam a resiliência e o estado de todo o planeta – o que eles chamam de Bens Comuns Planetários.
Expansão da legislação ambiental global
De acordo com o professor Louis Kotzé, coautor principal e especialista jurídico afiliado à Universidade de Lincoln, no Reino Unido, e à North-West University, na África do Sul: “A nossa legislação ambiental global existente e o quadro de governação são incapazes de enfrentar a crise planetária e manter impedir-nos de cruzar as fronteiras planetárias. É por isso que precisamos urgentemente do Planetary Commons como uma nova abordagem jurídica e de governação que possa salvaguardar de forma mais eficaz as funções críticas de regulação do sistema terrestre.”
Os investigadores sublinham que os Bens Comuns Planetários vão além das fronteiras jurisdicionais e dos direitos soberanos. Argumentam que todos os estados e pessoas partilham um interesse colectivo em proteger e governar eficazmente estas funções críticas do sistema terrestre para o bem colectivo.
O quadro proposto pelos investigadores, construído com base na ideia de bens comuns globais, mas significativamente expandido, aborda a pressão sem precedentes que as atividades humanas exercem sobre os sistemas reguladores críticos da Terra.
O colega co-autor principal, Johan Rockström, Diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático (PIK) e Professor de Ciência do Sistema Terrestre na Universidade de Potsdam, enfatiza a necessidade de cooperação transnacional, afirmando: “Para limitar os riscos para as sociedades humanas e Para garantir funções críticas do sistema terrestre, os pesquisadores propõem uma nova estrutura de bens comuns planetários para orientar a governança do planeta. Esta estrutura de bens comuns planetários tem o potencial de iniciar a mudança de paradigma há muito esperada que precisamos urgentemente para salvaguardar o sistema terrestre.”
A publicação marca um marco na intersecção entre direito, política e ciência do sistema terrestre. Os investigadores esperam que o seu trabalho contribua para o desenvolvimento de uma nova abordagem de governação global para enfrentar a crise planetária e garantir a estabilidade e resiliência dos sistemas críticos da Terra.