O peixe é uma fonte popular de proteínas e ácidos graxos ômega-3, essenciais para a saúde humana.
No entanto, a crescente procura de peixe levou à sobrepesca, ao esgotamento dos recursos haliêuticos e à degradação ambiental.
Além disso, o consumo de peixe pode representar alguns riscos devido à presença de contaminantes como mercúrio, dioxinas e microplásticos no ambiente aquático.
Portanto, encontrar fontes alternativas de proteínas e ácidos graxos ômega-3 que sejam sustentáveis, seguras e nutritivas é um desafio urgente.
Uma das alternativas potenciais são as microalgas, que são organismos aquáticos microscópicos que podem realizar a fotossíntese e produzir biomassa e diversos metabólitos.
As microalgas apresentam diversas vantagens sobre os peixes como fonte de proteínas e ácidos graxos ômega-3.
Microalgas como fonte de proteínas e ácidos graxos ômega-3
As microalgas são ricas em proteínas e ácidos graxos ômega-3, importantes para a saúde humana.
A proteína é um macronutriente que fornece aminoácidos, os blocos de construção dos músculos, tecidos, enzimas, hormônios e anticorpos.
Os ácidos graxos ômega-3 são ácidos graxos poliinsaturados que possuem efeitos antiinflamatórios, antitrombóticos e neuroprotetores. Eles também desempenham um papel na manutenção da saúde cardiovascular, da função cerebral, da visão e do sistema imunológico.
Lena Kopp, pesquisadora associada do Instituto de Nutrição Clínica, as microalgas podem conter até 70% de proteína com base no peso seco, dependendo da espécie e das condições de cultivo.
Algumas das microalgas mais comumente utilizadas para a produção de proteínas são Spirulina, Chlorella, Scenedesmus, Nannochloropsis e Arthrospira.
Estas microalgas apresentam uma elevada digestibilidade proteica (até 90%) e um perfil equilibrado de aminoácidos que cumpre ou excede os requisitos da Organização Mundial de Saúde.
As microalgas também podem produzir quantidades significativas de ácidos graxos ômega-3, especialmente ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA), que são as formas biologicamente mais ativas de ácidos graxos ômega-3.
EPA e DHA são encontrados principalmente em microalgas marinhas, como Nannochloropsis, Phaeodactylum, Isochrysis, Pavlova e Schizochytrium.
Estas microalgas podem acumular até 40% do seu peso seco como lípidos (gorduras), sendo o EPA e o DHA responsáveis por até 60% do total de ácidos gordos.
Cultivo e consumo de microalgas
As microalgas podem ser cultivadas de diferentes maneiras, como lagoas abertas, fotobiorreatores, biofilmes de algas ou sistemas de tratamento de águas residuais.
A escolha do método de cultivo depende de vários fatores, como a espécie de microalga, o produto desejado, as condições ambientais, o custo-benefício e a sustentabilidade.
Algumas das vantagens do cultivo de microalgas são:
- Pode crescer em água salgada ou doce, utilizando terras não aráveis e reduzindo o consumo de água doce.
- As microalgas podem utilizar o dióxido de carbono como fonte de carbono, mitigando as emissões de gases com efeito de estufa e aumentando o sequestro de carbono.
- Pode utilizar nutrientes de águas residuais ou efluentes industriais, melhorando a qualidade da água e reduzindo a poluição.
- As microalgas podem produzir biomassa e metabólitos a uma taxa e rendimento elevados, em comparação com culturas terrestres ou animais.
As microalgas podem ser consumidas em diversas formas, como biomassa integral (fresca ou seca), extratos (óleos ou proteínas) ou produtos refinados (suplementos ou alimentos funcionais)
. Alguns exemplos de produtos de microalgas disponíveis no mercado são:
Spirulina em pó ou comprimidos
A espirulina é uma microalga azul esverdeada que tem sido usada como suplemento alimentar há séculos. É rico em proteínas (até 63%), beta-caroteno (precursor da vitamina A), ferro, cálcio, magnésio e outros minerais.
Foi demonstrado que a espirulina tem propriedades antioxidantes, antiinflamatórias, imunomoduladoras, antivirais e anticancerígenas.
Clorela em pó ou cápsulas
A Clorela é uma microalga verde que também é rica em proteínas (até 58%), clorofila (um pigmento com efeitos desintoxicantes), vitaminas (B12), minerais (zinco) e fibra alimentar.
Foi relatado que a Clorela tem efeitos benéficos sobre a pressão arterial, os níveis de colesterol, os níveis de açúcar no sangue, a função hepática, a cicatrização de feridas.
Óleo ômega-3 de microalgas marinhas
O óleo ômega-3 de microalgas marinhas é uma alternativa vegana ao óleo de peixe que fornece EPA e DHA sem o risco de contaminantes ou as questões éticas da exploração animal.
O óleo ômega-3 de microalgas marinhas provou ser eficaz na redução dos triglicerídeos, melhorando a função cognitiva e reduzindo a inflamação.
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