Animais

Espécies muito raras de medusas avistadas perto do Japão

Santiago Ferreira

Nas vastas e misteriosas profundezas do oceano, os cientistas revelaram uma nova e fascinante espécie de água-viva medusa, conhecida como Páginas de Santjordiasiou a Medusa da Cruz de São Jorge.

Esta criatura única cativa com seu corpo gelatinoso em forma de guarda-chuva e uma impressionante barriga vermelha que lembra a Cruz de São Jorge quando vista de cima.

Com cerca de 10 cm de diâmetro, esta medusa destaca-se pela sua coloração vibrante e tamanho diminuto, especialmente quando comparada com outras águas-vivas do fundo do mar.

Encontrando a água-viva medusa Páginas de Santjordiasi

S. páginasiA casa de Sumisu é a Caldeira Sumisu nas Ilhas Ogasawara, uma estrutura vulcânica de águas profundas hidrotermicamente ativa localizada a cerca de 460 km ao sul de Tóquio.

Este ambiente, conhecido pelo seu rico substrato mineral e potencial para desenvolvimento comercial, revelou uma espécie que desafia as características comuns das águas-vivas do fundo do mar.

“A espécie é muito diferente de todas as medusas de águas profundas descobertas até hoje. É relativamente pequeno, enquanto outros neste tipo de ambiente são muito maiores. A coloração vermelha brilhante de seu estômago provavelmente tem a ver com a captura de alimentos”, elaborou Morandini.

Adaptações evolutivas: sobrevivência nas profundezas

Um dos aspectos mais intrigantes Páginas de Santjordiasi é a sua transparência e o estômago vermelho brilhante, que desempenha um papel crucial na sua sobrevivência.

Esta característica garante que as presas bioluminescentes, comuns nas profundezas escuras do oceano, não possam ser vistas pelos predadores depois de engolidas, proporcionando um vislumbre fascinante das adaptações evolutivas da vida no fundo do mar.

A nomeação da espécie é uma homenagem ao Dr. Francesc Pagès, um renomado taxonomista de águas-vivas, enfatizando ainda mais a tradição da comunidade científica de homenagear as contribuições de seus membros.

Medusa medusa Páginas de Santjordiasi é raro e evasivo

Além disso, o processo de descoberta de S. páginasi foi notavelmente desafiador devido à sua raridade.

A equipe contou com um único espécime capturado em 2002 por um Veículo Operado Remotamente (ROV) Hyperdolphin, com outro avistamento em 2020, ressaltando as dificuldades da exploração em alto mar.

“Optamos por publicar a descrição e chamar a atenção para as espécies presentes no local, que possui substrato rico em minerais e potencial para desenvolvimento comercial”, explicou Morandini.

“Infelizmente, a investigação não pode ser realizada nesses locais sem parceiros que tenham interesses deste tipo.”

Os insights de Morandini também abordam as implicações mais amplas de tais descobertas, apontando o potencial para Páginas de Santjordiasi possuir venenos únicos, distintos até mesmo daqueles de espécies intimamente relacionadas.

“Quem sabe? Talvez guarde segredos mais valiosos do que todas as riquezas minerais que poderiam ser extraídas daquele local. Tudo isto com a vantagem de manter intactas as espécies e o sítio”, especulou, destacando o potencial inexplorado da biodiversidade em relação à exploração comercial.

Colaboração internacional

A descoberta de S. páginasi foi um esforço colaborativo envolvendo uma equipe internacional de cientistas, incluindo André Morandini, zoólogo do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e diretor do Centro de Biologia Marinha.

A pesquisa de Morandini foi apoiada pelo Programa FAPESP de Pesquisa em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA-FAPESP), destacando a importância da cooperação internacional e interdisciplinar em biologia marinha.

Em resumo, este estudo expande a nossa compreensão da rica tapeçaria da vida no fundo do mar, ao mesmo tempo que enfatiza a importância de preservar estes ambientes.

À medida que os cientistas continuam a explorar estes territórios desconhecidos, cada nova descoberta de espécies de medusas, como Páginas de Santjordiasiaproxima-nos da compreensão da complexa teia de vida que existe nas profundezas dos nossos oceanos, lembrando-nos das maravilhas que se escondem sob as ondas e da necessidade de as proteger para as gerações futuras.

Mais sobre a água-viva medusa

Como discutido acima, a água-viva medusa, batizada em homenagem ao mítico monstro grego com cobras no cabelo, cativa os observadores com suas formas hipnotizantes e movimentos graciosos na água.

Estas criaturas, parte da família maior das águas-vivas, distinguem-se pelos seus corpos em forma de sino e pelos seus tentáculos, incorporando a imagem quintessencial de uma água-viva.

Anatomia e características

A anatomia de uma água-viva medusa é simples e complexa. No centro de seu design está o sino ou guarda-chuva, capaz de pulsar para impulsionar a água-viva através da água.

Pendurados no sino estão tentáculos equipados com cnidócitos, células especializadas que liberam veneno para capturar presas ou deter predadores.

Esta estratégia predatória eficiente destaca o papel da medusa como caçadora competente dentro do seu reino aquático.

Habitat e distribuição

Água-viva Medusa, como Páginas de Santjordiasinão estão confinados a um único ambiente marinho, mas são encontrados em todos os oceanos do mundo, desde as águas rasas até as profundezas do mar aberto.

A sua adaptabilidade permite-lhes prosperar numa variedade de condições, incluindo ecossistemas temperados, tropicais e até mesmo em alguns ecossistemas de água doce, mostrando a sua ampla gama ecológica.

Ciclo de vida e reprodução

O ciclo de vida da água-viva medusa inclui dois estágios principais: o estágio de pólipo séssil e o estágio de medusa de natação livre.

Este ciclo de vida de duas fases permite-lhes explorar diferentes nichos ecológicos e contribui para o seu sucesso como espécie.

A reprodução pode ocorrer tanto sexualmente, com a fase de medusa liberando espermatozoides e óvulos na água, quanto assexuadamente, com pólipos brotando de novos indivíduos, garantindo sua presença generalizada em ambientes marinhos.

Papel ecológico e impacto

As águas-vivas Medusa desempenham um papel significativo nos ecossistemas marinhos, servindo tanto como predador quanto como presa.

Sua dieta consiste principalmente de pequenos peixes, zooplâncton e outras águas-vivas, posicionando-os como importantes reguladores da dinâmica populacional marinha.

No entanto, a sua capacidade de formar grandes flores também pode ter impactos significativos nas atividades humanas, como a pesca e o turismo, e na saúde geral dos ecossistemas marinhos.

Conservação e estudo

O estudo da água-viva medusa, como Páginas de Santjordiasié crucial para a compreensão da biodiversidade marinha e da saúde dos ecossistemas oceânicos.

Os investigadores concentram-se na sua distribuição, dinâmica populacional e impactos ecológicos para melhor gerir e conservar os ambientes marinhos.

A beleza e o mistério da água-viva medusa continuam a inspirar a curiosidade científica e uma apreciação mais profunda da complexidade da vida sob as ondas.

Em resumo, as medusas, com as suas formas elegantes e importância ecológica, lembram-nos os vastos mistérios do oceano e a necessidade de proteger os seus frágeis ecossistemas.

Como símbolos da beleza e do poder do mar, desafiam-nos a explorar, compreender e, em última análise, salvaguardar o mundo marinho para as gerações futuras.

O estudo completo foi publicado na revista Zootaxa.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago