Meio ambiente

Enchentes engolfam Porto Alegre: chuvas torrenciais provocam inundações destrutivas no Brasil

Santiago Ferreira

Imagem de satélite do centro alagado de Porto Alegre capturada em 8 de maio de 2024, pelo Operational Land Imager no Landsat 8.

Chuvas torrenciais provocaram inundações generalizadas e destrutivas no Rio Grande do Sul, o estado mais ao sul do Brasil. NASA está a fornecer dados críticos de satélite para apoiar os esforços de socorro e destacar o padrão mais amplo das alterações climáticas que impulsionam estes fenómenos meteorológicos extremos.

Fortes tempestades trazendo ventos fortes e chuvas torrenciais começaram a atingir o Rio Grande do Sul, o estado mais ao sul do Brasil, em 27 de abril de 2024. Em algumas áreas, mais de 300 milímetros (12 polegadas) de chuva caíram em menos de uma semana, galgando o rio bancos e levando a inundações generalizadas e destrutivas.

Impacto em Porto Alegre

O OLI (Operational Land Imager) do Landsat 8 capturou uma imagem (acima) do centro inundado de Porto Alegre em 8 de maio de 2024. As enchentes inundaram o bairro histórico, causaram o fechamento do aeroporto internacional, varreram grandes estádios e deixaram várias rodovias intransitável.

Imagens de satélite de inundações

O MODIS (Espectrorradiômetro de Imagem de Resolução Moderada) nos satélites Terra e Aqua da NASA adquiriu essas imagens (abaixo) em 6 de maio e 20 de abril, durante e antes das enchentes. A água invadiu as margens dos rios Jacuí, Cai e Sinos, inundando partes de Porto Alegre, capital do estado. As águas das enchentes também se espalharam por várias outras cidades, vilas e terras agrícolas rio acima. O escoamento superficial, manchado de marrom com sedimentos em suspensão, é visível fluindo para a Lagoa dos Patos, ao sul de Porto Alegre.

Inundações em Porto Alegre, maio de 2024, anotadas

Imagem de satélite durante e antes da enchente, capturada em 6 de maio e 20 de abril de 2024, pelo espectrorradiômetro de imagem de resolução moderada nos satélites Terra e Aqua da NASA.

Destruição e deslocamento generalizados

As enchentes causaram estragos em todo o estado do Rio Grande do Sul. Mais de 160 mil pessoas foram deslocadas e dezenas de pessoas morreram, segundo a agência de defesa civil do Rio Grande do Sul. O estado é um grande produtor e exportador de soja, arroz, trigo e carne. Os agricultores já relatam danos extensos em diversas áreas, e os analistas esperam que os danos nos silos e outras instalações de armazenamento, redes de transporte e portos atrapalhem as exportações de cereais.

Fatores Meteorológicos e Mudanças Climáticas

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) do Brasil, o enfraquecimento do El Niño contribuiu para as chuvas extremas na região, ajudando a direcionar as frentes frias em direção ao Rio Grande do Sul e concentrando a instabilidade atmosférica sobre o estado. A água excepcionalmente quente no Oceano Atlântico Sul aumentou os níveis de umidade, criando uma colisão entre o ar quente e úmido da Amazônia e o ar mais frio do sul do estado, o que fortaleceu as tempestades, disse o INMET.

Projeções sobre Mudanças Climáticas

As precipitações extremas enquadram-se num padrão mais amplo de mudança que os cientistas do clima esperam ver nesta região devido ao aumento das concentrações atmosféricas de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa. Prevê-se que esta parte da América do Sul registe aumentos significativos nos totais anuais de precipitação e nos máximos anuais de precipitação de 5 dias até 2050, de acordo com o Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas. As projeções são baseadas em simulações do conjunto multimodelo CMIP-6 (Coupled Model Intercomparison Project), um projeto que incorpora resultados de modelagem do GISS ModelE, um modelo de circulação geral desenvolvido pelo Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA.

Resposta e apoio da NASA

A área do programa Earth Applied Sciences Disasters da NASA foi ativada para apoiar os parceiros que respondem ao evento. A equipe está usando dados de satélite para mapear deslizamentos de terra e identificar regiões sem energia. À medida que novas informações forem disponibilizadas, a equipe publicará mapas e produtos de dados em seu portal de mapeamento de acesso aberto. Entre eles está o produto MODIS Near Real-Time Global Flood da NASA, que mostrou extensas inundações dentro e ao redor da cidade em 6 de maio de 2024 (acima).

Imagens do Observatório da Terra da NASA por Wanmei Liang, usando dados MODIS da NASA EOSDIS LANCE e dados GIBS/Worldview e Landsat do US Geological Survey.

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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