Meio ambiente

Cientistas descobrem ameaça oculta à Grande Barreira de Corais

Santiago Ferreira

Diagrama mostrando fontes de água subterrânea na Grande Barreira de Corais. Crédito: Douglas Tait

O estudo revela que quase o dobro da quantidade de nitrogênio entra no recife a partir das águas subterrâneas em comparação com as águas dos rios.

Cientistas que utilizaram marcadores naturais ao largo da costa de Queensland descobriram a fonte de azoto e fósforo, anteriormente não quantificados, que têm um profundo impacto ambiental na Grande Barreira de Corais.

As descobertas, publicadas hoje em Ciência e Tecnologia Ambientalindicam que os esforços atuais para preservar e restaurar a saúde do recife podem exigir uma nova perspectiva.

Douglas Tait, da Southern Cross University, lidera o estudo inovador, ‘A descarga de águas subterrâneas submarinas excede as entradas dos rios como fonte de nutrientes para a Grande Barreira de Corais’.

A descarga de águas subterrâneas submarinas é qualquer água lançada no oceano abaixo da linha de água a partir de várias fontes, incluindo aquíferos subterrâneos e o fundo do mar.

Imagem composta de coral puro e coral eutropohiado

Composição mostrando corais imaculados ao lado de corais eutrofizados na Grande Barreira de Corais. Crédito: Ashly McMahon

Resultados e implicações da pesquisa

A equipe de pesquisa, que também inclui CSIRO, AIMS e Universidade de Gotemburgo (Suécia), coletaram dados de transectos offshore, rios e perfurações costeiras em uma área do sul de Rockhampton ao norte de Cairns. O uso de isótopos de rádio permitiu aos cientistas rastrear quantos nutrientes são transportados da terra e dos sedimentos da plataforma através de fluxos invisíveis de águas subterrâneas.

O professor da Southern Cross, Damien Maher, disse que o trabalho da equipe mostrou que a descarga de águas subterrâneas era 10-15 vezes maior do que a entrada dos rios, algo anteriormente não explicado.

“A descarga de águas subterrâneas foi responsável por aproximadamente um terço do novo nitrogênio e dois terços das entradas de fósforo, indicando que quase o dobro da quantidade de nitrogênio que entra no recife a partir das águas subterrâneas em comparação com as águas dos rios”, disse o professor Maher.

O professor Maher acrescentou que a maior parte dos esforços para mitigar o impacto dos nutrientes no recife se concentrou na saída dos sistemas fluviais.

Coral Eutropohied na Grande Barreira de Corais

Coral eutropoico na Grande Barreira de Corais. Crédito: Ashly McMahon

Potencial Impacto Ambiental e Recomendações

O autor principal, Dr. Douglas Tait, disse: “Os nutrientes são essenciais para apoiar a incrível biodiversidade da Grande Barreira de Corais”.

“No entanto, um excesso de nutrientes pode levar a problemas prejudiciais, como proliferação de algas prejudiciais, surtos de estrelas do mar coroa de espinhos e doenças de peixes, que têm aumentado no recife nas últimas décadas.

“Nosso estudo ressalta a necessidade de uma mudança estratégica nas abordagens de gestão destinadas a proteger a Grande Barreira de Corais dos efeitos do excesso de nutrientes.”

O Dr. Tait disse que, ao contrário do escoamento do rio, os nutrientes nas águas subterrâneas podem ser armazenados durante décadas no subsolo antes de serem descarregados nas águas costeiras, o que significa que as pesquisas e estratégias para proteger o recife precisam ser de longo prazo.

“Este estudo lança uma nova luz sobre a complexa dinâmica dos nutrientes na Grande Barreira de Corais”, disse o Dr.

“Nossa compreensão e capacidade de gerenciar as fontes de nutrientes são fundamentais para preservar o recife para as gerações futuras.”

O projeto foi apoiado com financiamento do Australian Research Council, da Herman Slade Foundation e da Great Barrier Reef Foundation.

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago