Num estudo liderado pela Universidade de Göttingen, os investigadores revelaram dinâmicas impressionantes nas redes de plantas-polinizadores, destacando particularmente o efeito amplificador da urbanização nas variações sazonais.
Esta pesquisa, crítica na era da rápida urbanização, oferece novos insights sobre a biodiversidade nas megacidades tropicais.
Urbanização e biodiversidade
A tendência global para a urbanização é frequentemente vista como uma ameaça à biodiversidade. No entanto, os investigadores salientaram que as plantas com flores são frequentemente mais diversificadas nas cidades do que no campo.
Este fenómeno é atribuído à proliferação de plantas com flores e culturas agrícolas nas áreas urbanas.
Interações planta-polinizador
“Todas as espécies interagem, e as complexas redes ecológicas resultantes dessas interações – como aquelas entre as plantas e os seus polinizadores – são componentes-chave dos ecossistemas”, escreveram os autores do estudo.
“Embora o nosso conhecimento sobre a estrutura das redes de interação tenha melhorado consideravelmente nas últimas décadas, ainda sabemos pouco sobre o quão dinâmicas são essas interações através de gradientes ambientais, espaciais e temporais.”
Foco do estudo
A equipe de pesquisa, liderada pelo Dr. Gabriel Marcacci, agora pós-doutorado no Instituto Ornitológico Suíço e na Universidade de Neuchâtel, embarcou em um extenso estudo de um ano em Bengaluru, na Índia.
Esta metrópole movimentada, emblemática do rápido crescimento urbano nos trópicos, proporcionou um terreno fértil para examinar as interações entre as plantas e os seus polinizadores.
Principais insights
O estudo abrangeu todas as estações locais: o inverno ameno e seco, o verão quente e seco e as monções chuvosas. Ao analisar as espécies de abelhas, as plantas que visitavam e a frequência dessas interações, a equipe construiu redes detalhadas de plantas-polinizadores para cada local e estação.
Os pesquisadores descobriram que as interações entre plantas e polinizadores, importantes para a produção agrícola, são surpreendentemente dinâmicas.
Houve uma variação significativa nas espécies de plantas e abelhas envolvidas na polinização nas diferentes estações.
Para identificar os fatores que contribuem para as variações nas interações planta-polinizador, a equipe considerou vários elementos: a época do ano, a proximidade do centro da cidade e o grau de urbanização, indicado pela presença de “superfícies impermeáveis” como estradas e edifícios. .
Significância do estudo
Dr. Marcacci enfatizou a importância desta pesquisa para a compreensão dos ecossistemas urbanos tropicais.
“Nosso estudo traz novos insights sobre o papel da urbanização na dinâmica das redes que envolvem plantas e polinizadores nos trópicos, que têm sido pouco estudados. Isto é particularmente importante porque as expansões urbanas atuais e futuras ocorrem em grande parte nas regiões tropicais, onde estão sujeitas a fatores ecológicos, climáticos e sociais diferentes das zonas temperadas”, disse o Dr. Marcacci.
“Os nossos resultados apontam para grandes mudanças nas redes de plantas-polinizadores ao longo do ano e para a importância pouco reconhecida da sazonalidade para as interações entre as plantas e os seus polinizadores, especialmente em megacidades tropicais de rápido crescimento”, escreveram os autores do estudo.
Planejamento urbano
Este estudo não só contribui para a nossa compreensão da ecologia urbana, mas também apela a um planeamento urbano cuidadoso e à conservação da biodiversidade, particularmente em megacidades tropicais que enfrentam um rápido crescimento.
A dinâmica única das redes de plantas-polinizadores nestes ambientes é crucial para manter a biodiversidade e garantir a produção agrícola sustentável – um aspecto que os planeadores urbanos e os ambientalistas devem considerar face à crescente expansão urbana.
A pesquisa está publicada na revista Cartas de Ecologia.
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