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Transformando resíduos de insetos em plásticos biodegradáveis

Santiago Ferreira

Em um novo estudo, os cientistas descobriram o potencial do uso de resíduos de insetos, particularmente as carcaças descartadas de moscas negras adultas, para produzir produtos químicos essenciais para a fabricação de plásticos biodegradáveis. Este empreendimento ecológico oferece uma solução promissora para a iminente crise global de poluição plástica.

A pesquisa inovadora, liderada pela Dra. Karen Wooley e sua equipe na Texas A&M University, será apresentada na reunião de outono de 2023 da American Chemical Society (ACS). Este evento, realizado virtualmente e presencialmente de 13 a 17 de agosto, receberá cerca de 12.000 apresentações abrangendo uma infinidade de assuntos científicos.

foco do estudo

“Por duas décadas, buscamos formas de transformar produtos naturais – como a glicose da cana-de-açúcar ou das árvores – em polímeros degradáveis ​​que não persistem no meio ambiente. Mas esses recursos têm demandas concorrentes em alimentos, combustível, construção e transporte”, disse o Dr. Wooley.

Buscando uma alternativa, o Dr. Wooley colaborou com o Dr. Jeffery Tomberlin, que propôs a utilização de resíduos de insetos.

Em particular. O Dr. Tomberlin concentrou-se na indústria de criação de moscas de soldados negros, um domínio no qual ele tem sido fundamental para o avanço.

Tornando o lixo útil

Essas larvas de mosca são nutricionalmente ricas, tornando-as inestimáveis ​​para alimentação animal e consumo de resíduos. Os adultos, no entanto, têm uma vida pós-reprodutiva efêmera e geralmente são descartados.

A ideia do Dr. Tomberlin de aproveitar essas carcaças desperdiçadas forneceu uma fonte sustentável de matéria-prima para a pesquisa.

“Estamos pegando algo que é literalmente lixo e fazendo algo útil a partir dele”, disse Cassidy Tibbetts, estudante de pós-graduação que trabalha no laboratório do Dr. Wooley.

Uma nova abordagem

Em suas investigações, Tibbetts identificou a quitina como um componente primário nas moscas descartadas. A quitina, um polímero biodegradável à base de açúcar, é vital para o endurecimento de exoesqueletos de insetos.

Os fabricantes tradicionalmente o obtêm de crustáceos como camarões e caranguejos. No entanto, o método de extração de quitina de moscas de Tibbetts pode apresentar uma alternativa mais limpa e livre de alérgenos.

Dr. Wooley destacou a novidade de sua abordagem, observando que sua equipe parece ser a primeira a usar quitina de moscas adultas.

Hidrogel superabsorvente

No laboratório, Hongming Guo tem se concentrado em converter essa quitina em quitosana, um polímero relacionado. A quitosana processada é então transformada em bioplásticos, como um notável hidrogel superabsorvente desenvolvido por Guo.

Este hidrogel pode absorver 47 vezes o seu peso em água em poucos minutos. O Dr. Wooley o vê como uma solução para os desafios alternados de enchentes e secas do Texas, afirmando que esse hidrogel pode ajudar na retenção de umidade nos solos, degradando simultaneamente para nutrir as plantações.

Um futuro sustentável

Olhando para o futuro, a equipe planeja se aprofundar na quebra da quitina em glucosaminas, as moléculas fundamentais do açúcar, para produzir bioplásticos tradicionalmente derivados de produtos petroquímicos.

Além disso, os pesquisadores pretendem explorar outros compostos encontrados nas moscas soldado negro, como proteínas, DNA e ácidos graxos, para criar produtos sustentáveis.

Dr. Wooley prevê um ciclo sustentável onde os insetos se alimentam de plásticos descartados, que são então colhidos para componentes para produzir novos plásticos.

Essa abordagem não apenas se alinha com o conceito de economia circular, mas também oferece uma nova maneira de combater o problema atual da poluição plástica. Com iniciativas como essas, há esperança para um futuro mais limpo e sustentável.

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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