Meio ambiente

Tráfico ilegal na Tailândia agora vale US$ 20 bilhões

Santiago Ferreira

As autoridades confirmaram que o tráfico ilegal na Tailândia se tornou muito lucrativo, atingindo um valor de 20 mil milhões de dólares.

Tráfico ilegal de US$ 20 bilhões

O Pol Col Wanpichit Wattanasakmonta, um oficial anti-tráfico de vida selvagem, sublinha a necessidade essencial de um equilíbrio harmonioso entre a humanidade e a natureza. Ele enfatiza que a salvaguarda da vida selvagem é apenas uma faceta; visam inspirar o compromisso global com a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente, promovendo um mundo sustentável. Wattanasakmonta prevê a coexistência com a natureza.

No entanto, as suas funções diárias como superintendente da Subdivisão 6 da Divisão de Recursos Naturais e Repressão ao Crime Ambiental giram em torno da detenção de malfeitores numa indústria ilegal de 20 mil milhões de dólares, classificada como o quarto crime global mais lucrativo, a seguir às drogas, aos seres humanos e às armas.

Tailândia, o centro comercial que se extraviou

A Tailândia, que abriga 10% das espécies animais do mundo, já foi um importante centro de comércio de vida selvagem como fonte, destino e ponto de trânsito. Felizmente, o país abandonou a era das fazendas que abrigavam tigres, ursos e crocodilos e da venda aberta de espécies ameaçadas de extinção, como peles de tigre e leopardo, em lugares como o mercado de Chatuchak.

Em 2019, a Lei de Conservação e Protecção da Vida Selvagem foi promulgada para proteger espécies não nativas e aumentar as potenciais penas de prisão dos traficantes para 20 anos. Notavelmente, a Suprema Corte condenou o traficante vietnamita Boonchai Bach a cinco anos de prisão em 2022. Além disso, em 19 de setembro, o malaio Teo Boon Ching foi condenado a 18 meses de prisão nos EUA por conspirar para traficar chifres de rinoceronte no valor de milhões, após sua extradição da Tailândia.

Tráfico generalizado de vida selvagem

Apesar dos esforços para combater o tráfico de vida selvagem, o problema persiste na Tailândia. Um incidente alarmante ocorreu em 4 de outubro, quando um rato e uma lontra escaparam de uma bagagem de mão num voo de Suvarnabhumi para Taipei. Esta sacola também continha 20 tartarugas estelares birmanesas, uma cobra, um cão da pradaria e dois esquilos gigantes negros, revelando a extensão do contrabando.

Este comércio cruel é uma grande preocupação para os apaixonados pelo bem-estar animal, pela preservação das espécies e pelo potencial de doenças zoonóticas, como a que se acredita ter causado a COVID-19.

Nos últimos anos, as autoridades confiscaram animais protegidos e “reservados” de contrabandistas, incluindo aves exóticas, crias de leopardo, macacos e pangolins. Os pangolins, procurados pela sua carne e escamas na medicina tradicional chinesa, já foram abundantes na Tailândia, mas agora são predominantemente capturados na Indonésia e transportados vivos por navio para Myanmar, muitas vezes atravessando a fronteira tailandesa. De lá, eles são rapidamente transportados para a China via Laos.

Macacos para laboratórios na China

O contrabando de macacos é generalizado, originando-se principalmente do norte da Tailândia, com destino a laboratórios chineses. As autoridades evitam nomear países específicos para evitar crimes. Os macacos são canalizados através de nações vizinhas antes de chegarem a um terceiro país para experiências.

Embora tenha sido feito algum progresso contra as gangues criminosas no comércio, ele não cessará até que a demanda diminua. Wattanasakmonta enfatizou a falta de conscientização sobre o tráfico de vida selvagem em certos países, ao contrário da Tailândia, onde alguns ainda veem a caça como um modo de vida. A batalha contra o tráfico depende da redução da procura de produtos e da sensibilização para os seus riscos, consequências e sanções.

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago