Meio ambiente

Perscrutando a vida antiga: novas pistas encontradas na biomassa de 3,5 bilhões de anos

Santiago Ferreira

Rochas feitas de sulfato de bário (conhecidas como rochas de barita) do Cráton Pilbara, na Austrália Ocidental. Crédito: Gerhard Hundertmark

Para aprender sobre os primeiros organismos do nosso planeta, os pesquisadores precisam analisar as rochas da Terra primitiva. Eles só podem ser encontrados em alguns lugares da superfície da Terra. O Cráton Pilbara, na Austrália Ocidental, é um desses locais raros: existem rochas com cerca de 3,5 mil milhões de anos que contêm vestígios dos microrganismos que viveram naquela época.

Uma equipa de investigação liderada pela Universidade de Göttingen encontrou agora novas pistas sobre a formação e composição desta biomassa antiga, fornecendo informações sobre os primeiros ecossistemas da Terra. Os resultados foram publicados na revista Pesquisa Pré-cambriana.

Rochas do Cráton Pilbara expostas na superfície

Rochas do Cráton Pilbara expostas na superfície: rocha barita cinza na parte inferior, estromatólitos avermelhados devido à oxidação na parte superior. Crédito: Jan-Peter Duda

Usando técnicas de alta resolução, como espectroscopia de ressonância magnética nuclear (NMR) e estrutura fina de absorção de raios X de borda próxima (NEXAFS), os pesquisadores analisaram partículas carbonáceas encontradas em rochas feitas de sulfato de bário. Isto permitiu aos cientistas obter informações importantes sobre a estrutura de partículas microscopicamente pequenas e mostrar que são de origem biológica.

Contexto Ambiental e Significância Metodológica

É provável que as partículas tenham sido depositadas como sedimentos no corpo de água de uma “caldeira” – uma grande cavidade em forma de caldeirão que se forma após a atividade vulcânica. Além disso, algumas das partículas devem ter sido transportadas e alteradas pelas águas hidrotermais logo abaixo da superfície do vulcão. Isso indica uma história turbulenta de depósitos de sedimentos. Ao analisar vários isótopos de carbono, os investigadores concluíram que diferentes tipos de microrganismos já viviam nas proximidades da atividade vulcânica, semelhantes aos encontrados hoje nos gêiseres islandeses ou nas fontes termais do Parque Nacional de Yellowstone.

Pedreira de Barita na Formação Dresser do Cráton Pilbara

Pedreira de barita na “Formação Dresser” do Cráton Pilbara. Estas rochas têm cerca de 3,5 milhões de anos e contêm evidências de vida microbiana. Crédito: Jan-Peter Duda

O estudo não só lança luz sobre o passado da Terra, mas também é interessante do ponto de vista metodológico. A primeira autora, Lena Weimann, do Centro de Geociências da Universidade de Göttingen, explica: “Foi muito emocionante poder combinar uma série de técnicas de alta resolução, que nos permitiram obter informações sobre a história de como as partículas orgânicas foram depositadas e a sua origem. Como mostram as nossas descobertas, vestígios originais dos primeiros organismos ainda podem ser encontrados mesmo em materiais extremamente antigos.”

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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