Animais

Os chamados de alerta das sentinelas parecem ser universalmente compreendidos pelas aves

Santiago Ferreira

Os chamados de alerta sentinela em aves podem ser universalmente compreendidos, transcendendo as fronteiras continentais, de acordo com um novo estudo.

Esta descoberta não só expande a nossa compreensão da comunicação animal, mas também sugere uma convergência evolutiva nos sinais vocais relacionados com o perigo.

Sinais de perigo

A pesquisa foi liderada por Henry Pollock, diretor executivo do Southern Plains Land Trust, e Jonah Dominguez, estudante de graduação da Universidade de Illinois Urbana-Champaign.

As espécies sentinelas, como a família Paridae, são fundamentais em grupos mistos de espécies pelos seus distintos gritos de alarme. Estes cantos, como o “chick-a-dee-dee-dee” dos chapins, são reconhecidos por várias espécies de aves, enfatizando o seu papel como sinais universais de perigo.

Comportamento anti-predador

“Muitos animais formam grupos mistos de espécies, e pensa-se que este é um comportamento anti-predador”, disse Pollock. “Há segurança nos números e há um benefício em cercar-se de um conjunto mais diversificado de olhos e ouvidos.”

“No entanto, você precisa ser capaz de compreender as informações que outras pessoas ao seu redor fornecem para fazer uso delas.”

Foco do estudo

A equipe de pesquisa decidiu investigar se as comunidades de aves em três continentes – América do Norte, Europa e Ásia – poderiam interpretar os gritos de alarme de uma sentinela até então desconhecida, a choca-de-garganta-escura, uma ave da América Central e do Sul conhecida por seu papel de sentinela. .

O estudo incluiu contribuições de Mark Hauber (GNDP) e colaboradores internacionais da Sérvia e da China.

Resultados surpreendentes

Os especialistas emitiram gritos de alerta da formiga-de-garganta-escura para diferentes bandos de pássaros. Eles teorizaram que os pássaros reagiriam mais fortemente aos chamados familiares das sentinelas locais. Mas os resultados foram surpreendentes.

“Esperávamos ver algum tipo de resposta aos chamados da nova formiga, mas previmos que os pássaros não responderiam tão fortemente a ele quanto aos chamados de suas próprias sentinelas locais”, disse Dominguez.

“No entanto, ficamos surpresos ao não encontrar nenhuma diferença estatística na forma como as aves responderam ao chamado de alarme da sentinela local versus estrangeira. Os pássaros respondiam ao chamado da formiga desconhecida como se fosse um pássaro que conheciam há toda a vida.”

Reconhecimento universal

De acordo com os pesquisadores, bandos de pássaros em todos os três continentes responderam tão fortemente aos chamados de alerta da desconhecida formigueiro quanto aos conhecidos chamados de alerta da sentinela local.

Os especialistas dizem que esta descoberta sugere que há algo nos chamados sentinela que os torna universalmente reconhecíveis.

Para mensagens que contêm informações importantes, como um alerta de perigo, a evolução provavelmente converge para apelos semelhantes que ajudam a transmitir a mensagem o mais rápido possível, segundo os pesquisadores.

Tema central

“É possível que estes cantos sejam mais facilmente reconhecidos entre as espécies porque têm um tema central – essencialmente algo sobre eles que é único e conservado apesar de milhões de anos de história evolutiva”, explicou Dominguez.

“Há pesquisas em outros animais sobre amplitudes e frequências sonoras específicas que causam respostas inatas, mesmo em animais que não estão familiarizados com esses sons. Nosso estudo pode ajudar os pesquisadores a descobrir quais podem ser esses elementos acústicos para as aves.”

Reconhecimento de sinal

“O que é surpreendente é que as nossas descobertas são consistentes em três continentes diferentes, com comunidades de aves completamente diferentes, o que sugere que há algum sinal codificado nestes chamados de alarme sentinela que faz com que as aves respondam a eles, independentemente da experiência anterior com esse sinalizador”, explicou Pollock. .

“Isso realmente destaca que o reconhecimento de sinais nem sempre é algo que precisa ser aprendido através da experiência ambiental.”

Perspectivas futuras de pesquisa

Os pesquisadores disseram que o estudo abre portas para muitas direções de pesquisas futuras. Eles observaram que testar as aves com os chamados de outras sentinelas e obter mais granularidade em termos de respostas comportamentais são os próximos passos potenciais.

Definindo espécies sentinela

Dominguez quer encontrar o traço comum entre as aves sentinela, em um esforço para padronizar o que é categorizado como espécie sentinela em toda a literatura.

“As espécies sentinela não estão muito bem definidas, já que o termo é usado de forma nebulosa para qualquer animal que se envolva em forrageamento e sinalização de espécies mistas”, disse Dominguez.

“Há muitas aves que normalmente não consideramos sentinelas sendo classificadas como elas na literatura, e outras que provavelmente são sentinelas que estão sendo ignoradas. Quero descobrir se há um traço comum entre eles e se o termo deve ser usado no nível da espécie ou mais no nível do rebanho.”

O estudo está publicado na revista Cartas de Biologia.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago