Animais

O número global da população de rinocerontes recupera lentamente

Santiago Ferreira

A população mundial de rinocerontes está a registar um ressurgimento notável, com os dados mais recentes revelando um aumento para aproximadamente 27.000 indivíduos, apesar das persistentes ameaças de caça furtiva e degradação do habitat. Esta recuperação marca o primeiro retorno de algumas espécies em mais de uma década.

Contexto histórico

No auge do século XX, cerca de 500 mil rinocerontes percorriam as paisagens da África e da Ásia. Infelizmente, o seu número sofreu reduções drásticas desde então, principalmente devido às atividades humanas.

Um raio de esperança surgiu no ano passado, quando as populações de certas regiões começaram a mostrar sinais de recuperação.

Tendência populacional positiva de rinocerontes

As estatísticas divulgadas pelo Grupo de Especialistas em Rinocerontes Africanos da IUCN relataram uma população global de rinocerontes de cerca de 27.000 no final de 2022, indicando uma tendência esperançosa. Especificamente, os rinocerontes brancos do sul registaram um crescimento pela primeira vez desde 2012, passando de 15.942 no final de 2021 para 16.803.

Além disso, os rinocerontes negros, nativos da África Oriental e Austral, onde a caça furtiva pelos seus chifres diminuiu drasticamente o seu número, também melhoraram aproximadamente 5%, passando de 6.195 para 6.487 durante o ano passado.

Esforços de conservação compensam

Os esforços dos conservacionistas para estabelecer novas populações contribuíram significativamente para este aumento populacional.

O Dr. Michael Knight, presidente do grupo de rinocerontes da UICN, enfatizou a importância de aproveitar estes desenvolvimentos positivos e permanecer vigilante, afirmando: “Com estas boas notícias, podemos respirar aliviados pela primeira vez numa década”.

Situação crítica para os rinocerontes de Java e de Sumatra

No entanto, nem todas as espécies estão bem. Os rinocerontes de Java e de Sumatra continuam criticamente ameaçados e em grave risco de extinção, com o seu número continuando a diminuir constantemente.

Algumas estimativas sugerem que restam apenas 34 rinocerontes de Sumatra, muitas vezes localizados em manchas florestais isoladas, dificultando a sua capacidade de acasalar e reproduzir.

Resposta e desafios internacionais

A comunidade internacional continua a unir-se em torno dos esforços de conservação, com o Dr. Jo Shaw, CEO da Save the Rhino International, a reafirmar o compromisso com o futuro de todas as cinco espécies de rinocerontes. No entanto, os desafios persistem, especialmente em África, onde as mortes de rinocerontes aumentaram em 2022.

Há também preocupação com a população estável, mas ameaçada, de rinocerontes-de-um-chifre na Índia e no Nepal, onde a perda de habitat e a caça furtiva continuam a ser problemas substanciais. Atividades ilícitas também foram relatadas no Parque Nacional Ujung Kulon, na Indonésia, lar de todos os 76 rinocerontes de Java existentes.

Em resumo, o número crescente de várias espécies de rinocerontes é uma prova dos esforços incansáveis ​​dos conservacionistas e da cooperação internacional. No entanto, este progresso é frágil e sublinha a necessidade de intensificar os esforços de conservação, especialmente para os rinocerontes de Java e de Sumatra, criticamente ameaçados.

A vigilância sustentada, combinada com estratégias de conservação inovadoras e um apoio internacional robusto, será fundamental para garantir a sobrevivência e o florescimento a longo prazo destas criaturas majestosas.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago