Animais

Descobertos moradores da floresta com “cara de alienígena” que se assemelham a personagens de Star Wars

Santiago Ferreira

Nas selvas remotas de África, investigadores da Universidade de Sunshine Coast descobriram recentemente um novo género e cinco novas espécies de milípedes.

Estas criaturas, que se assemelham a personagens do universo “Star Wars”, foram encontradas aninhadas entre o lixo da floresta e o solo solto nas isoladas montanhas Udzungwa, na Tanzânia.

Esta descoberta significativa fez parte de uma investigação mais ampla sobre os padrões de crescimento de árvores e vinhas, com o objetivo de desvendar os mistérios que cercam os processos de recuperação florestal.

Esforço colaborativo na pesquisa da biodiversidade

A descoberta foi um esforço colaborativo que incluiu seis pesquisadores internacionais, com o professor Henrik Enghoff, da Universidade de Copenhague, liderando o trabalho.

A investigação não só esclarece a biodiversidade das montanhas Udzungwa, mas também desempenha um papel crucial na compreensão do impacto das vinhas lenhosas nas florestas em todo o mundo.

Como explica o professor Andy Marshall, uma figura-chave nesta pesquisa, essas espécies de milípedes podem ser fundamentais em suas pesquisas sobre recuperação florestal.

“Os milípedes nos ajudarão a determinar duas teorias muito diferentes sobre o papel das vinhas na recuperação da floresta – se as vinhas são como bandagens que protegem uma ferida ou se são ‘parasitóides’ que sufocam a floresta”, disse o professor Marshall.

“É notável que tantas destas novas espécies não tenham aparecido em recolhas anteriores de espécies de milípedes na mesma área, mas ainda esperávamos por algo novo.”

Recuperação florestal, mudanças climáticas e novas espécies de milípedes

Este projecto, que conta com o apoio do Conselho Australiano de Investigação, faz parte de uma iniciativa mais ampla para compreender como as florestas recuperam de perturbações graves, como a exploração madeireira.

As descobertas até agora indicam que o aumento das temperaturas contribui significativamente para o domínio das vinhas lenhosas em florestas já enfraquecidas pela actividade humana.

Os milípedes, conhecidos pelas suas numerosas patas, são criaturas fascinantes, sendo que as maiores espécies africanas atingem comprimentos de até 35 centímetros.

As novas espécies de milípedes descobertas pelo professor Marshall e sua equipe, embora tenham apenas alguns centímetros de comprimento, possuem impressionantes 200 patas cada.

Esta descoberta sublinha a rica tapeçaria de vida que permanece escondida nas florestas tropicais do mundo, à espera de ser descoberta.

Legado de descoberta e conservação

Esta não é a primeira vez que o professor Marshall está na vanguarda da descoberta de novas espécies. Os seus esforços de investigação anteriores levaram à identificação de um novo camaleão e de uma nova espécie de árvore, que já enfrenta a ameaça de extinção.

Estas descobertas destacam a necessidade crítica de esforços contínuos de exploração e conservação nas florestas tropicais.

Entre as espécies de milípedes recém-descobertas, uma foi nomeada Lophostreptus magomberaem homenagem à Reserva Natural Magombera.

Esta área é conhecida pela sua diversidade biológica única, e o Professor Marshall tem estado ativamente envolvido na sua conservação desde o início dos anos 2000.

Os espécimes de milípedes recentemente identificados estão atualmente alojados no Museu de História Natural da Dinamarca, na Universidade de Copenhaga, onde contribuem para o estudo contínuo e a preservação da biodiversidade.

Através das suas pesquisas e descobertas diligentes, esta equipa de cientistas determinados melhorou a nossa compreensão sobre os milípedes, ao mesmo tempo que destacou a importância da conservação das florestas tropicais.

O seu trabalho serve como um lembrete da vasta e inexplorada biodiversidade do nosso planeta e do papel crucial que desempenha na compreensão dos processos ecológicos e das estratégias de conservação.

O estudo completo foi publicado no Jornal Europeu de Taxonomia.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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