Um estudo recente da Universidade McGill e colaboradores internacionais fornece uma compreensão abrangente de como os extremos de temperatura influenciam a distribuição das espécies, especialmente dos animais de sangue frio.
Este estudo, que é fundamental no contexto das alterações climáticas, revela padrões intrincados no papel que a temperatura desempenha na determinação dos habitats das espécies.
Foco do estudo
“Compreender como a temperatura determina a distribuição da vida é necessário para avaliar a sensibilidade das espécies às alterações climáticas contemporâneas”, escreveram os autores do estudo.
“Aqui, testamos a importância da temperatura na limitação das áreas geográficas dos ectotérmicos, comparando as temperaturas e áreas que as espécies ocupam com as temperaturas e áreas que as espécies poderiam potencialmente ocupar com base nas suas tolerâncias térmicas fisiológicas.”
Este método ofereceu insights sobre como a distribuição das espécies é influenciada pela temperatura e outros fatores. A pesquisa se concentrou em 60 espécies de sangue frio de diferentes áreas geográficas.
Mudanças ambientais
Uma descoberta importante é o impacto diferencial da temperatura nas espécies terrestres e marinhas.
Embora a temperatura afete diretamente as espécies nos oceanos, os animais terrestres como répteis, anfíbios e insetos apresentam uma correlação direta menor com a temperatura na sua área de habitat.
Esta distinção sublinha a dinâmica complexa na forma como diferentes espécies se adaptam às mudanças ambientais.
Escolhas de habitat
Os especialistas também observaram um padrão notável em relação à latitude das espécies e à sua distribuição. Espécies mais altas em latitudes tendem a evitar regiões equatoriais, mesmo que as temperaturas estejam dentro de sua faixa de tolerância.
Isto sugere que outros factores para além da temperatura, tais como interacções negativas com outras espécies, podem estar a influenciar as suas escolhas de habitat.
Padrões surpreendentes
A autora principal do estudo, Nikki A. Moore, estudante de doutorado no Departamento de Biologia da McGill, destacou os padrões inesperados ligados à temperatura entre as espécies.
“Não foi surpreendente descobrir que a temperatura nem sempre limita a variação das espécies, mas o que foi surpreendente foi que, apesar da complexidade, encontrámos padrões gerais no papel que a temperatura desempenha entre as espécies”, disse Moore.
“Esta investigação ajuda-nos a compreender os padrões gerais de quão sensíveis podem ser as distribuições de diferentes espécies de animais de sangue frio às mudanças de temperatura, o que nos ajudará a prever como a distribuição global das espécies irá mudar devido às alterações climáticas.”
Distribuição de espécies
O estudo lança luz sobre duas hipóteses conflitantes sobre a distribuição das espécies.
“Embora se pensasse há muito tempo que a distribuição das espécies era menos limitada pela temperatura e mais limitada pelas interacções entre espécies nos trópicos, o novo trabalho mostra que as espécies de latitudes mais elevadas estão cada vez mais excluídas da sua distribuição potencial nos trópicos, apoiando a ideia de uma equilíbrio entre amplas tolerâncias térmicas e desempenho nos trópicos”, disse Moore.
Implicações do estudo
Segundo os investigadores, prever e testar como as distribuições das espécies respondem à temperatura requer boas observações de onde as espécies vivem.
A equipa observou que qualquer pessoa pode contribuir para o nosso conhecimento da distribuição das espécies através da ciência cidadã, utilizando aplicações como o iNaturalist.
O estudo está publicado na revista Ecologia e Evolução da Natureza.
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