Animais

As gaivotas estão mudando seus habitats para áreas urbanas

Santiago Ferreira

Um estudo recente de pesquisadores da Universidade do Alasca Fairbanks fez uma descoberta significativa sobre o comportamento e o habitat das gaivotas de bico curto.

A equipa, liderada por Falk Huettmann, descobriu que estas gaivotas têm vindo a mudar dos seus habitats costeiros típicos para ambientes urbanos.

O estudo destaca-se como o primeiro a compilar um conjunto de dados abrangente de três anos usando uma abordagem de ciência cidadã para incluir uma ampla amostra de gaivotas e outras aves no Alasca urbano, oferecendo uma nova perspectiva sobre esta mudança de habitat.

Nova perspectiva sobre os habitats das gaivotas

A pesquisa revelou que as gaivotas-de-bico-curto, normalmente encontradas ao longo da costa e perto de fontes de água, têm ocupado áreas normalmente associadas à caça de corvos.

Essas áreas incluem estacionamentos de supermercados e restaurantes fast-food, bem como estruturas feitas pelo homem, como cascalhos industriais e lixeiras.

As descobertas do estudo são particularmente dignas de nota porque indicam uma mudança significativa no comportamento e nas preferências de habitat das gaivotas.

Para conduzir o estudo, Huettmann e sua equipe utilizaram modelagem de inteligência artificial, que foi alimentada com variáveis ​​ambientais específicas de locais para prever informações sobre a ocorrência de gaivotas.

Este método também refletiu um estudo anterior sobre a distribuição da coruja cinzenta.

Os pesquisadores usaram dados do censo dos EUA e dados de municípios urbanos, considerando fatores como distâncias de estradas, restaurantes, hidrovias e estações de transferência de resíduos.

Espelhando o ambiente do mundo real

Moriz Steiner, estudante de pós-graduação no laboratório de Huettmann, enfatizou a importância do uso de conjuntos de dados socioeconômicos.

“Isso nos permite espelhar o ambiente do mundo real e simular uma situação o mais fiel possível à natureza, incluindo-os como variáveis ​​nos modelos”, explicou.

Esta abordagem ajudou os investigadores a compreender as razões subjacentes à transição das gaivotas para paisagens urbanas, que é impulsionada principalmente pela disponibilidade de fontes de alimentação humana e pelas mudanças industriais.

Implicações e dinâmicas de mudança

O estudo tem implicações significativas para a compreensão de como as atividades humanas e a urbanização impactam o comportamento da vida selvagem.

Também levanta preocupações sobre a saúde e a longevidade destas aves, uma vez que os alimentos que encontram nas áreas urbanas, especialmente em restaurantes fast-food, podem ser prejudiciais devido às elevadas quantidades de sal, gordura, açúcar, gordura e contaminantes.

Além disso, a presença de gaivotas em áreas urbanas pode representar riscos para a saúde, uma vez que são conhecidos vectores de doenças como a gripe aviária e a salmonela, que podem ser transmitidas aos seres humanos.

A investigação de Huettmann sublinha a dinâmica de mudança da vida selvagem devido à influência humana e destaca a necessidade de melhores esforços de conservação da vida selvagem.

“Este tipo de informação está a fornecer uma imagem mais holística de como a influência humana no ambiente está a mudar o que de outra forma conhecemos como natural. O uso do aprendizado de máquina nos ajudará, esperançosamente, a defender uma melhor conservação da vida selvagem”, concluiu.

Mais sobre gaivotas e seus habitats

As gaivotas, muitas vezes reconhecidas como as aves marinhas por excelência, prosperam numa variedade surpreendentemente ampla de habitats, demonstrando notável adaptabilidade e resiliência.

Conforme discutido acima, essas aves não são criaturas estritamente costeiras. Os seus habitats estendem-se muito além das costas familiares para incluir áreas interiores, paisagens urbanas e até regiões árticas.

Regiões costeiras

Principalmente, as gaivotas habitam regiões costeiras onde exploram habilmente os ricos recursos marinhos. Esses ambientes proporcionam uma infinidade de opções alimentares, desde peixes até invertebrados marinhos.

A dança rítmica das marés oferece às gaivotas uma paisagem dinâmica e em constante mudança para se alimentarem, tornando-as adeptas da capitalização da disponibilidade mutável de recursos.

Habitats interiores

No entanto, muitas espécies de gaivotas expandiram os seus habitats para incluir áreas interiores, como lagos, rios e zonas húmidas. Aqui, eles mostram sua versatilidade alimentando-se de peixes de água doce, insetos e até pequenos roedores.

A presença de gaivotas em torno destas fontes de água doce é uma prova da sua adaptabilidade ecológica e do amplo âmbito das suas preferências alimentares.

Gaivotas vivendo em habitats urbanos

Os ambientes urbanos também servem como habitats não convencionais para estas aves engenhosas. As gaivotas costumam frequentar paisagens urbanas, onde procuram comida em lixões e áreas densamente povoadas.

A sua inteligência e natureza oportunista permitem-lhes navegar com sucesso na selva urbana, explorando os resíduos gerados pelas atividades humanas.

Algumas gaivotas suportam habitats extremos

Notavelmente, algumas espécies de gaivotas adaptaram-se à vida em condições extremas, como no Ártico.

Estas aves resistentes reproduzem-se e alimentam-se nestes ambientes gelados, exibindo um nível de resistência que poucas outras espécies conseguem igualar.

A sua plumagem espessa e a capacidade de armazenar reservas de gordura permitem-lhes sobreviver nestes climas adversos.

Em resumo, as gaivotas são criaturas versáteis e adaptáveis ​​que colonizaram com sucesso uma grande variedade de habitats.

Das costas movimentadas às águas serenas do interior, e da expansão urbana à tundra ártica, as gaivotas continuam a demonstrar a sua notável capacidade de prosperar em vários ambientes.

Esta adaptabilidade não só realça a sua importância ecológica, mas também reflecte a incrível resiliência e diversidade da própria natureza.

O estudo completo foi publicado na revista Informática Ecológica.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago