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Aranhas viúvas marrons invasoras prosperam em paisagens urbanas

Santiago Ferreira

À medida que os habitats urbanos continuam a expandir-se, um novo estudo sugere que estas paisagens influenciadas pelo homem podem servir como um santuário inesperado para espécies invasoras. A pesquisa, liderada pela Dra. Monica Mowery e sua equipe na Universidade Ben-Gurion do Negev, descobriu que aranhas viúvas marrons invasoras florescem no ambiente urbano, em grande parte graças à falta de predadores e a uma diminuição significativa no parasitismo.

Publicado na revista Ecologiao estudo lança luz sobre o comportamento intrigante da aranha viúva-marrom, ou Latrodectus geometricus, uma espécie que está cada vez mais fazendo sentir sua presença em climas urbanos quentes em todo o mundo.

“Os nossos resultados sugerem que o habitat desempenha um papel fundamental na mudança das interações com predadores e parasitas e, em particular, que as espécies urbanas podem beneficiar de uma menor abundância de predadores no seu habitat”, explicou o Dr.

Foco do estudo

Para compreender as variações nas densidades de hospedeiros e parasitóides, os pesquisadores embarcaram em uma investigação de um ano no deserto de Negev, comparando o parasitismo do saco de ovos da aranha viúva marrom invasora urbana com a aranha viúva branca que vive no deserto, ou L. pallidus.

Os investigadores descobriram que as populações de aranhas viúvas castanhas prosperavam em densidades notavelmente elevadas em ambientes urbanos – com distâncias de teia tão próximas como 10 centímetros – enquanto experimentavam taxas surpreendentemente baixas de parasitismo do seu inimigo comum, uma vespa parasitóide que ataca especificamente os sacos de ovos de aranha.

Por outro lado, as aranhas viúvas brancas, apesar de povoarem comunidades densas no deserto de Negev, estavam fortemente infestadas de parasitas. As diferenças marcantes observadas nas taxas de parasitismo sugerem que os ambientes urbanos fornecem uma espécie de escudo protetor para as aranhas invasoras.

Experimento de campo ousado

Para investigar mais profundamente os efeitos do habitat sobre estas espécies, os investigadores iniciaram uma experiência de campo, transplantando teias de aranha contendo sacos de ovos de ambas as espécies entre habitats urbanos e naturais desérticos.

Os resultados foram fascinantes: não apenas os sacos de ovos nos habitats naturais sofreram maior parasitismo, mas a predação nos sacos de ovos da aranha viúva branca também foi significativamente mais pronunciada no ecossistema do deserto, possivelmente devido a pássaros, outras aranhas ou formigas.

Curiosamente, nenhum dos sacos de ovos invasores da viúva marrom no experimento de transplante foi vítima de qualquer predador, indicando que os predadores locais do deserto podem não reconhecer este recém-chegado como uma fonte viável de alimento.

Vantagens em habitats urbanos

Este estudo levanta questões cruciais sobre as vantagens que as espécies invasoras ganham quando colonizam habitats urbanos e fragmentados. Estes ambientes aparentemente oferecem um conjunto de benefícios, incluindo a redução da presença de predadores, o que poderia contribuir para que espécies invasoras prosperem e persistam em territórios desconhecidos.

A pesquisa do Dr. Mowery foi um esforço colaborativo, envolvendo os pesquisadores Valeria Arabesky, Tamir Rozenberg, Prof. Yael Lubin e Dr. Michal Segoli da Universidade Ben-Gurion do Negev. O estudo foi apoiado por uma bolsa de pós-doutorado Zuckerman STEM concedida à Dra. Monica Mowery.

Esta pesquisa demonstra o papel crítico que a urbanização desempenha na formação de interações biológicas. Também destaca a necessidade urgente de investigação contínua sobre os impactos dos ambientes urbanos no nosso mundo natural.

Mais sobre a aranha viúva marrom

A aranha viúva marrom (Latrodectus geometricus) é uma espécie de aranha venenosa pertencente à família das viúvas (Theridiidae). Está intimamente relacionado com a aranha viúva negra mais conhecida (Latrodectus mactans) e é encontrada em várias partes do mundo, incluindo o sul dos Estados Unidos, América Central, América do Sul, Caribe, África e partes da Ásia.

Caracteristicas principais

Aparência

A aranha viúva marrom é tipicamente de cor marrom claro a médio, com uma marca laranja ou amarela em forma de ampulheta na parte inferior do abdômen. Esta marcação de ampulheta é uma característica compartilhada com outras aranhas viúvas, embora a coloração possa variar.

Estrutura da web

As aranhas viúvas marrons criam teias emaranhadas, irregulares e confusas, que geralmente são construídas em áreas protegidas, como sob pedras, beirais, móveis de exterior e outras estruturas feitas pelo homem.

Veneno

Como outras aranhas viúvas, a viúva marrom possui veneno neurotóxico para suas presas. Embora seu veneno não seja tão potente quanto o da viúva negra, ainda pode causar reações dolorosas em humanos. No entanto, as picadas de aranhas viúvas marrons raramente são graves e geralmente causam apenas sintomas leves a moderados, como dor, vermelhidão e inchaço ao redor da área da picada.

Comportamento

As aranhas viúvas marrons são geralmente tímidas e não agressivas com os humanos. Eles geralmente só mordem se se sentirem ameaçados ou perturbados. A maioria das picadas ocorre quando as pessoas entram acidentalmente em contato com a aranha, como chegar a um espaço escuro onde a aranha construiu sua teia.

Reprodução

As fêmeas das aranhas viúvas marrons são maiores que os machos. Após o acasalamento, a fêmea produz sacos de ovos que contêm centenas de ovos. Os sacos de ovos são tipicamente brancos a bronzeados e ficam suspensos na teia. A fêmea guarda os ovos até eclodirem.

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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