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Revelado: Por que os pardais cantores são maiores em climas mais frios

Santiago Ferreira

Num novo estudo, os cientistas desvendaram as bases genéticas que explicam a variação significativa no tamanho do corpo entre os pardais canoros, uma espécie de ave canora bem reconhecida em toda a América do Norte.

Esta investigação não só esclarece as diferenças intrigantes observadas nestas aves, mas também contribui para a nossa compreensão da sua potencial adaptabilidade às mudanças climáticas iminentes.

Tamanho do pardal do México ao Alasca

O estudo se concentra em oito variantes genéticas que são predominantemente responsáveis ​​pela disparidade de tamanho corporal em pardais cantores, que pode variar quase três vezes do México ao Alasca.

Por exemplo, os indivíduos que habitam as Ilhas Aleutas permanecem durante todo o ano e podem ter o triplo do tamanho dos seus parentes encontrados nos pântanos costeiros da Califórnia. Esta diferença substancial de tamanho está alinhada com a regra de Bergmann, que sugere que tamanhos maiores são favorecidos em climas mais frios para ajudar na retenção de calor.

Katherine Carbeck, doutoranda na Universidade da Colúmbia Britânica, explica que, embora se saiba da existência de populações “adaptadas localmente”, os mecanismos genéticos precisos que permitem tais adaptações têm sido ilusórios até agora.

“A existência de populações ‘adaptadas localmente’ implica que a selecção natural moldou a composição genética das populações de pardais em toda a sua área de distribuição, permitindo aos indivíduos sobreviver e reproduzir-se em condições climáticas drasticamente diferentes”, disse Carbeck. “No entanto, os mecanismos genéticos subjacentes ao governo de Bergmann permaneceram indefinidos até agora.”

Metodologia e resultados

Em colaboração com pesquisadores do Laboratório Cornell de Ornitologia, da Universidade do Alasca e da Universidade Batista Ouachita, Carbeck usou o sequenciamento do genoma completo para decodificar o genoma do pardal canoro.

A equipe estudou amostras genéticas das maiores subespécies das Ilhas Aleutas e das subespécies menores. Eles incluíram aqueles que migram para climas mais quentes e aqueles que residem nos invernos mais amenos da costa da Colúmbia Britânica.

Informações genômicas

Através da sua análise abrangente, os investigadores identificaram genes candidatos associados à massa corporal. A identificação destas oito variantes genéticas específicas não só corrobora a regra de Bergmann, mas também melhora a nossa compreensão da evolução, da selecção natural e das interacções climáticas ao longo da história das espécies.

Dr. Jen Walsh, co-autor do Cornell Lab of Ornithology, destaca a raridade de identificar um número limitado de genes com um impacto substancial na variação do tamanho do corpo. A diversidade fenotípica dos pardais canoros oferece um caminho promissor para a identificação de genes que governam os princípios ecogeográficos.

Walsh acrescentou: “Do ponto de vista genômico, é realmente interessante identificar um pequeno número de genes candidatos com um impacto aparentemente grande na variação do tamanho corporal. A magnífica variedade de diversidade fenotípica observada nos pardais canoros sugere que eles oferecem oportunidades interessantes para identificar genes subjacentes a uma série de regras ecogeográficas bem conhecidas e geralmente aceitas.”

Conservação do habitat do pardal canoro

O estudo enfatiza a importância da conservação do habitat para manter o fluxo gênico entre as populações, o que é crucial diante das mudanças ambientais em curso. Carbeck enfatiza a importância de facilitar a troca de genes para adaptabilidade futura.

“Os nossos resultados destacam o papel potencial que a conservação do habitat desempenha ao permitir a troca contínua de genes entre as populações – o que é importante face às mudanças em curso”, disse Carbeck.

Futuro resiliente para pardais cantores

Peter Arcese, da UBC, sugere que as descobertas apontam para um futuro potencialmente resiliente para os pardais cantores. A adaptabilidade destas populações às alterações climáticas é concebível, desde que as condições de habitat apoiem a livre circulação dos indivíduos e do seu material genético.

“As nossas descobertas implicam que algumas, se não todas, as populações de pardais cantores adaptadas localmente podem continuar a adaptar-se às alterações climáticas, desde que mantenhamos condições de habitat que facilitem a movimentação de indivíduos e genes entre populações”, disse ele.

Em resumo, este estudo sobre pardais cantores é um passo em frente na compreensão de como as espécies se adaptam ao seu ambiente. Sublinha a intrincada ligação entre a genética e as estratégias de adaptação, abrindo caminho para futuras pesquisas no campo da genética da conservação e da biologia das alterações climáticas.

O estudo completo foi publicado na revista Comunicações da Natureza.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

Santiago