Animais

Estudo revela que 90% das espécies de plantas com flores dependem de polinizadores animais

Santiago Ferreira

Um novo estudo publicado pela China Science Press revelou que 90% das espécies de plantas com flores dependem da polinização animal. Esta pesquisa representa a estimativa mais precisa até o momento sobre a proporção de plantas com flores que dependem de polinizadores animais.

O estudo foi liderado pelo professor Shuang-Quan Huang, diretor do Instituto de Evolução e Ecologia da Escola de Ciências da Vida da Universidade Normal da China Central.

Perguntas críticas

O professor Huang dedica-se à biologia da polinização desde os seus estudos de pós-graduação em 1993. Juntamente com a sua equipa, ele fez progressos significativos na abordagem de uma questão crítica que, até agora, permaneceu indefinida – que percentagem de plantas com flores são polinizadas por animais?

A importância desta questão não pode ser subestimada, uma vez que tem implicações para a conservação e gestão dos polinizadores, tanto nos ecossistemas naturais como agrícolas.

As primeiras estimativas da proporção de espécies polinizadas por animais eram aproximadas, variando de 2/3 a mais de 80 por cento.

Espécies polinizadas por animais

A resposta mais recente e amplamente aceite, proposta em 2011, foi de 87,5 por cento, baseada em proporções médias de espécies polinizadas por animais de cerca de 40 comunidades, envolvendo uma amostra de não mais de um por cento de espécies de plantas com flores. Em outras palavras, esse método carregava o potencial de imprecisões.

Além disso, a equipe enfrentou outro problema: os modos de polinização de alguns táxons foram mal identificados ou mal compreendidos, causando problemas na conservação de plantas verdadeiramente polinizadas por animais, bem como no registro dos modos de polinização.

Um exemplo disso é a Tetracentron sinense (Trochodendraceae), uma árvore endêmica da China central, que anteriormente era considerada polinizada pelo vento, mas foi considerada pela equipe do professor Huang como sendo efetivamente polinizada por pequenas abelhas.

Estimativas perspicazes

“Dado que os modos de polinização em mais de dez mil espécies com flores foram registados desde a era de Darwin, é altura de fornecermos uma estimativa mais precisa da proporção através da contagem de dados”, escreveram os investigadores. “Isso pode ser um desafio e trazer muita controvérsia, mas será esclarecedor.”

Para investigar, a equipe realizou uma pesquisa global de milhares de publicações e extraiu dados sobre casos polinizados abioticamente, bem como sobre casos ambófilos (aqueles que usam agentes bióticos e abióticos para polinização).

Esses dados foram então avaliados no contexto de dois mega-bancos de dados globais (GBIF, WFO) em níveis de espécie, gênero e família, permitindo aos pesquisadores obter estimativas diretas da proporção de polinização biótica em todas as angiospermas.

O que os pesquisadores aprenderam

O estudo revelou que 64-68 por cento das famílias, 88 por cento dos géneros e 90 por cento das espécies de plantas com flores dependiam da polinização animal.

“Esta pesquisa global forneceu definitivamente uma nova visão e uma estimativa relativamente precisa da importância dos polinizadores na reprodução das plantas com flores no nosso planeta”, disse o professor Huang.

Além disso, quando os investigadores recalcularam a estimativa anterior mais amplamente adoptada com base na amostragem comunitária, depois de corrigirem a variação nos tamanhos das amostras (um passo não realizado anteriormente), a estimativa original de 87,5 por cento mudou para 89,5 por cento.

O professor Scott Armbruster observou: “O recálculo do conjunto de dados da comunidade combina bem com a abordagem de contagem direta e subtração; isso provavelmente não é uma coincidência.”

Implicações do estudo

Este novo cálculo de 90 por cento das espécies de plantas com flores que dependem da polinização animal abrirá caminho para uma melhor compreensão do papel crítico que os polinizadores desempenham na saúde dos ecossistemas do planeta Terra, especialmente à luz do declínio contínuo dos polinizadores a nível global.

É agora crucial, mais do que nunca, que este conhecimento seja utilizado para informar os esforços de conservação e salvaguardar a saúde dos ecossistemas do nosso planeta.

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Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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