O desenvolvimento de um método para detectar a gripe aviária infecciosa em zonas húmidas marca um avanço significativo na nossa compreensão e gestão da gripe aviária, especialmente da gripe aviária altamente patogénica (GAAP).
A investigação, liderada por Laura Hubbard e a sua equipa do Serviço Geológico dos EUA, destaca a importância da monitorização rigorosa das populações de aves selvagens.
O estudo é especialmente relevante no contexto de surtos recentes que levaram à morte de milhões de aves de capoeira e ao subsequente aumento do custo dos ovos e produtos avícolas.
Vírus letal
O estudo centrou-se nas zonas húmidas, um habitat crítico para as aves aquáticas, que são conhecidas por serem um reservatório significativo para o vírus da gripe aviária.
Embora muitas estirpes deste vírus não causem doenças, a gripe aviária altamente patogénica pode ser mortal, tornando a sua detecção e gestão cruciais.
Detectando o vírus em ambientes naturais
Um dos principais desafios no controlo da propagação da gripe aviária tem sido a dificuldade em detectar o vírus em ambientes naturais como zonas húmidas, onde a concentração de vírus infecciosos é normalmente baixa.
O novo método desenvolvido pela equipa de Hubbard aborda esta questão através da utilização de um processo de vários passos para concentrar e identificar o vírus em amostras ambientais.
Zonas húmidas contaminadas
A eficácia deste novo método foi demonstrada num estudo realizado na primavera de 2022, onde a equipa recolheu amostras de águas superficiais de quatro zonas húmidas e um lago em Iowa. Os resultados foram reveladores: estirpes infecciosas do vírus da gripe aviária foram encontradas em todas as quatro zonas húmidas em Abril, mas não no lago.
Notavelmente, as taxas de detecção de RNA viral utilizando protocolos de diagnóstico padrão foram significativamente mais baixas (11,1%) em comparação com as taxas quando as amostras foram inoculadas em ovos para isolamento do vírus (66,7%). Esta discrepância sublinha a necessidade de técnicas melhoradas de detecção de RNA para evitar falsos negativos.
Curiosamente, a maioria das cepas virais detectadas nas amostras de água eram de baixa patogenicidade. No entanto, a detecção de gripe aviária altamente patogénica numa amostra foi particularmente notável, marcando a primeira vez que esta estirpe foi identificada numa via navegável dos EUA.
Fatores Ambientais
Os testes subsequentes, cinco semanas mais tarde, não detectaram o vírus nos mesmos locais, apesar de pesquisas anteriores indicarem que o vírus poderia persistir durante meses em tais ambientes.
Os investigadores sugerem que factores ambientais, como a presença de menos aves aquáticas e temperaturas mais altas da água, podem influenciar a sobrevivência do vírus.
Riscos potenciais
Esta investigação sublinha os riscos potenciais que a gripe aviária representa não só para as aves selvagens e domésticas, mas também para outros animais e seres humanos, especialmente aqueles que utilizam estes cursos de água para fins recreativos.
A detecção da gripe aviária altamente patogénica e de outras estirpes nas zonas húmidas destaca a importância da monitorização regular e da detecção precoce do vírus.
Estas medidas são vitais para mitigar a transmissão do vírus, o que pode ter implicações económicas significativas, como evidenciado pelo recente aumento dos preços das aves e dos ovos.
Controlando a propagação da gripe aviária
O método inovador desenvolvido por Hubbard e a sua equipa oferece uma forma mais eficaz de monitorizar e compreender a transmissão da gripe aviária em ambientes naturais.
Este avanço é fundamental nos nossos esforços contínuos para gerir e controlar a propagação da gripe aviária, protegendo assim não só a nossa indústria avícola, mas também a saúde pública e os ecossistemas naturais.
Mais pesquisas são necessárias
“É necessária mais investigação para melhorar a compreensão colectiva do VIA no ambiente, incluindo a persistência e o potencial de transmissão através da água para aves e mamíferos, apoiando a detecção precoce de vírus GAAP e outros VIA, e a mitigação para reduzir a propagação da doença nas aves domésticas. e potencialmente para outros animais selvagens”, escreveram os autores do estudo.
“Esta informação também tem potenciais implicações para a saúde humana, especialmente em cursos de água de uso público, onde as pessoas podem ter exposição direta ao AIV com contacto primário ou secundário.”
O estudo está publicado na revista Cartas de Ciência e Tecnologia Ambiental.
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