Pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) revelaram insights sobre a dinâmica de voo dos beija-flores. Estas descobertas, conforme detalhadas num estudo liderado pelo Dr. Vikram B. Baliga, fornecem uma visão fascinante da intrincada mecânica destas pequenas e ágeis aves.
Estratégias sensoriais duplas de voo do beija-flor
Os beija-flores, conhecidos pelas suas excepcionais capacidades de voo, empregam duas estratégias sensoriais distintas para navegar no seu mundo aéreo. Esta diferenciação é particularmente notável quando se compara o seu comportamento de pairar com o movimento para a frente.
No vôo para frente, os beija-flores adotam o que o Dr. Baliga chama de “modelo avançado interno”. Esta estratégia é semelhante a um piloto automático intuitivo, permitindo que as aves avaliem a velocidade sem serem sobrecarregadas pela barragem de informações visuais do seu entorno.
“Há muita informação chegando para confiarmos diretamente em cada pista visual do ambiente”, explica o Dr. Baliga.
Em contraste, ao pairar ou enfrentar situações que exigem ajustes de altitude, os beija-flores dependem significativamente do feedback visual direto e em tempo real. Esta mudança para sinais mais imediatos é uma prova da sua adaptabilidade e precisão no voo.
O gravador de vôo do beija-flor
Para decifrar esses padrões de voo, a equipe da UBC conduziu um experimento engenhoso. Eles fizeram os beija-flores voarem por um túnel de quatro metros, de um poleiro até um comedouro.
Esta configuração foi projetada para testar as reações dos pássaros a vários estímulos visuais. Os pesquisadores projetaram diferentes padrões, como listras verticais e horizontais em movimento, ao longo das paredes do túnel para simular mudanças no movimento de avanço e na altitude. A parede frontal apresentava redemoinhos giratórios para criar uma ilusão de mudança de posição.
Baliga observa: “Se os pássaros seguissem as dicas diretamente dos estímulos visuais, esperaríamos que ajustassem sua velocidade de avanço à velocidade das listras verticais nas paredes laterais”.
No entanto, os resultados revelaram um quadro mais complexo. Embora os beija-flores tenham modificado a sua velocidade em resposta a estes padrões, a correlação não foi direta.
Curiosamente, as aves mostraram uma resposta mais direta aos estímulos que indicavam mudanças de altitude. Durante o voo pairado, eles também ajustaram sua posição em resposta às espirais móveis na parede frontal.
Da tecnologia aviária à aérea
Estas descobertas oferecem mais do que apenas uma compreensão da percepção do beija-flor durante as transições de voo. Eles têm implicações potenciais para o desenvolvimento de veículos voadores e flutuantes autônomos de próxima geração.
A compreensão diferenciada de como os beija-flores gerenciam manobras de voo complexas poderia informar a programação de sistemas de navegação a bordo em drones e outras tecnologias semelhantes.
Dr. Doug Altshuler, autor sênior do estudo, reflete sobre o significado mais amplo de seu trabalho. “Nossos experimentos foram projetados para investigar como os beija-flores controlam a velocidade de vôo”, diz ele.
“Mas como os beija-flores faziam pausas espontâneas para pairar durante os seus voos, descobrimos estas duas estratégias distintas para controlar diferentes aspectos das suas trajetórias.”
Em resumo, esta pesquisa desmistifica o voo dos beija-flores, ao mesmo tempo que abre caminho para avanços na tecnologia de navegação aérea, mostrando o profundo impacto da engenharia inspirada na natureza.
O estudo completo foi publicado na revista Anais da Royal Society B Ciências Biológicas.
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