Ter um jardim em casa é uma dádiva — até o dia em que você se depara com um visitante escamoso rastejando entre as plantas. No Brasil, já estamos acostumados a conviver com diferentes formas de vida nos quintais, mas em muitos países da Europa, como a França, a presença de serpentes em áreas residenciais tem gerado alerta, principalmente entre quem tem animais de estimação. Entenda por que esse encontro pode ser perigoso e como manter seu pet seguro sem causar danos à fauna local.
Que tipo de serpente pode aparecer no jardim?
Na França metropolitana, há registro de 12 espécies de serpentes, sendo que apenas quatro são venenosas. As mais comuns nos jardins são as couleuvres, serpentes não venenosas e geralmente inofensivas, mas que podem assustar pela aparência. Já as víboras, mais discretas e menos frequentes, carregam veneno capaz de afetar gravemente a saúde de cães e gatos, especialmente em áreas rurais ou mal cuidadas.
Entre as espécies mais vistas:
- Couleuvre à collier: aparece perto de áreas com água, pode chegar a um metro de comprimento e não representa perigo.
- Couleuvre verde e amarela: mais ágil, pode morder se acuada, mas sem risco real.
- Víbora aspic e víbora péliade: possuem corpo mais robusto, cabeça triangular e pupilas verticais — são as que exigem atenção redobrada.
Os encontros são mais comuns entre abril e setembro, período de reprodução e caça, quando os animais estão mais ativos. Jardins com gramas altas, pilhas de madeira ou muita vegetação densa se tornam esconderijos perfeitos — e verdadeiras armadilhas para nossos companheiros peludos.
Quais são os riscos para cães e gatos?
Na maioria das vezes, serpentes evitam contato com seres humanos e animais. Mas o problema é que nossos pets, por curiosidade ou instinto de caça, costumam ir atrás — e é aí que o perigo começa.
Os casos mais comuns envolvem:
- Cães curiosos, que colocam o focinho onde não deveriam;
- Gatos caçadores, que atacam por reflexo;
- Filhotes ou animais idosos, que têm menor resistência e se recuperam mais lentamente.
Uma mordida de víbora, embora rara, pode causar inchaço, dor intensa, alterações cardíacas e até necrose, exigindo atendimento veterinário imediato. Em 2022, foram registrados cerca de 250 casos de mordidas em pets no sul da França, segundo o Escritório Nacional de Caça e Vida Selvagem (ONCFS). Já as couleuvres, apesar de inofensivas, podem se defender com assobios, simulações de ataque e até liberação de um líquido fétido — o que assusta, mas não machuca.
Como proteger seu pet sem prejudicar a natureza?
Antes de sair caçando serpentes com vassouras, vale lembrar: elas são protegidas por lei em diversos países, inclusive na França, por seu papel fundamental no controle de pragas como roedores. O ideal é prevenir o contato direto sem desequilibrar o ambiente.
Algumas atitudes simples ajudam bastante:
- Corte regularmente a grama e evite deixar entulhos acumulados;
- Limpe bordas de muros, cercas vivas e arbustos — são esconderijos clássicos;
- Evite deixar potes de água expostos, pois podem atrair serpentes em busca de umidade;
- Acompanhe seu pet ao ar livre, especialmente nas horas mais quentes do dia, quando os répteis estão mais ativos.
Se seu animal apresentar inchaço repentino, claudicação, letargia ou comportamento estranho, leve-o imediatamente ao veterinário. Em regiões como Occitânia e Provença-Alpes-Côte d’Azur, onde há maior incidência de víboras, há inclusive cursos para reconhecer espécies locais — uma boa dica para tutores mais preocupados.
Em resumo
🐍 Serpentes nos jardins não são raridade, especialmente na primavera e no verão europeu.
🐶 Cães e gatos estão vulneráveis, principalmente os mais curiosos ou impulsivos.
🌿 Manter o jardim limpo e supervisionar os pets é a melhor forma de evitar acidentes, sem prejudicar a biodiversidade.