Animais

Os tubarões-tigre que interagem com os turistas apresentam diferenças físicas

Santiago Ferreira

A Tiger Beach, nas Bahamas, é famosa não só por sua beleza imaculada, mas também por ser frequentada por um animal que pode assustar algumas pessoas, mas que na verdade é uma grande atração turística: o tubarão tigre (Galeocerdo Cuvier). Como o mar é cristalino e tem apenas cinco metros de profundidade, os tubarões – que muitas vezes ultrapassam os três metros de comprimento – podem ser avistados facilmente e são frequentemente atraídos ao local por operadores turísticos locais que atiram peixes e outros alimentos na água.

Agora, uma equipe de pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos descobriu que as fêmeas das espécies que visitam frequentemente a área são maiores e têm níveis hormonais mais elevados do que as da mesma espécie que passam menos tempo ali. Estas descobertas apontam para possíveis efeitos do turismo de massa sobre esta espécie.

“A área era dominada por fêmeas grandes, algumas delas grávidas. De modo geral, os níveis hormonais eram mais elevados nas fêmeas de tubarão que frequentavam a área, onde eram alimentadas, do que em outras que não interagiam muito com os mergulhadores. Além disso, o estado nutricional dos primeiros era melhor e eles tinham mais ômega-3 no sangue”, disse a principal autora do estudo, Bianca Rigel, especialista em Biociências da Universidade de São Paulo.

“Não podemos afirmar se o turismo está ou não prejudicando esses animais, pois não conseguimos coletar material para testes antes e depois da interação com os mergulhadores, o que seria o ideal. No entanto, temos agora um conjunto de evidências que serão úteis para avaliações futuras”, acrescentou o coautor do estudo, professor de Biologia na mesma universidade.

Ao coletar amostras de sangue de 33 tubarões capturados nesta área, os pesquisadores descobriram que as fêmeas que passavam mais tempo ali apresentavam níveis mais elevados de ômega-3 e outros ácidos, bem como de isótopos de nitrogênio – muito provavelmente devido aos alimentos que recebiam durante o passeio. operadores. Além disso, os seus níveis hormonais também eram surpreendentemente mais elevados em comparação com os dos tubarões que não frequentavam a área – por um factor de três no caso da testosterona, quatro no do estradiol e 16,4 no dos corticosteróides.

“Não sabemos exatamente por que isso aconteceu. Os níveis desses hormônios podem ter sido mais elevados como parte de seu comportamento de dominação social mais agressivo enquanto nadavam com muitos outros tubarões”, explicou Moreira. “Outra hipótese é que eles estavam em uma fase do ciclo de vida em que estavam prontos para se reproduzir. Os juvenis não atingiram a idade reprodutiva e naturalmente têm menos desses hormônios.”

Embora as razões para estas alterações físicas ainda não sejam claras, estes resultados sublinham a importância de considerar as fases do ciclo de vida, os níveis hormonais e os estados nutricionais na avaliação do impacto do turismo nos tubarões.

O estudo está publicado na revista Comportamento animal.

Por Andrei Ionescu, Naturlink Funcionário escritor

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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