Meio ambiente

Forever Chemicals PFAS detectado em canudos vegetais ‘ecologicamente corretos’, afirma estudo

Santiago Ferreira

De acordo com um estudo recente, PFAS, ou “produtos químicos para sempre”, foram encontrados em canudos vegetais, mesmo naqueles que são promovidos como “ecologicamente corretos”.

A ascensão dos canudos vegetais “ecologicamente corretos”

Investigadores belgas descobriram que as palhinhas de papel, muitas vezes aclamadas como alternativas amigas do ambiente, podem não ser tão ecologicamente conscientes como se pensava.

Esses utensílios supostamente “verdes”, feitos de materiais como papel e bambu, são considerados opções melhores do que canudos de plástico.

No entanto, um estudo liderado pelo cientista ambiental Thimo Groffen revela que estas palhinhas à base de plantas podem conter PFAS (compostos à base de poli e perfluoroalquilo) nocivos, conhecidos como “produtos químicos para sempre” devido à sua lenta decomposição.

Isto levanta preocupações sobre a sua potencial toxicidade e impacto ambiental, possivelmente tornando-os mais prejudiciais do que as desprezadas palhinhas de plástico.

Várias cidades dos EUA, como Nova Iorque, e cadeias de restaurantes pretenderam proibir as palhinhas de plástico devido à sua ligação a problemas de saúde e à lenta degradação.

Entretanto, países como o Reino Unido e a Bélgica adotaram alternativas à base de plantas num esforço para reduzir os resíduos plásticos.

Produtos químicos PFAS Forever detectados

O estudo atual sugeriu que esses canudos supostamente ecológicos podem, na verdade, conter mais PFAS do que o equivalente plástico “maligno”.

As concentrações de PFA de 39 tipos de canudos feitos de cinco materiais diferentes – papel, bambu, aço inoxidável, vidro e plástico – foram examinadas por pesquisadores para tirar conclusões sobre essa teoria.

Eles descobriram que os canudos de papel tinham o maior teor de PFA, com surpreendentes 90% deles contendo as substâncias.

Os canudos de bambu, outra alternativa ecológica popular, ficaram em segundo lugar com 80%, seguidos pelos canudos de plástico com 75%, canudos de vidro com 40% e canudos de aço sem nenhum.

O ácido perfluorooctanóico, que foi proibido globalmente desde 2020, foi de longe o PFA mais utilizado.

Porém, esse material ainda é produzido em alguns países, podendo ser encontrado em produtos adquiridos por americanos.

Ácido trifluorometanossulfônico e ácido trifluoroacético também foram encontrados; esses PFAS se dissolvem rapidamente na água e podem vazar para as bebidas através de canudos.

Uma elevada percentagem de palhinhas feitas de papel e bambu contém PFAS, o que indica que nem sempre são biodegradáveis, alertou Goffen.

Embora a presença desses compostos em todas as marcas mostre que foram introduzidos intencionalmente como repelentes líquidos, não se sabe como chegaram aos canudos.

Essas substâncias são utilizadas desde a década de 1940 para repelir água e gordura, desde panelas até carpetes.

O solo onde os componentes vegetais foram cultivados e a água utilizada na sua produção são mais duas fontes potenciais de PFA.

Felizmente, não se acredita que pequenos níveis de PFAS, como os consumidos ao usar um canudo, representem danos significativos à saúde.

Exposição PFAS

O acúmulo desses compostos pode levar a resultados alarmantes, como danos ao fígado, imunidade enfraquecida, bebês com baixo peso e até morte infantil, como observado em estudos com animais.

No entanto, uma vez que os testes utilizaram níveis mais elevados de PFAS, os efeitos duradouros nos seres humanos permanecem incertos.

Goffen concluiu que pode haver apenas um substituto genuíno e ecológico para o plástico, à luz das descobertas. Ele encorajaria as pessoas a usar canudos de aço inoxidável porque não encontraram nenhum PFAS neles.

Outra opção é evitar o uso de canudos.

Santiago Ferreira é o diretor do portal Naturlink e um ardente defensor do ambiente e da conservação da natureza. Com formação académica na área das Ciências Ambientais, Santiago tem dedicado a maior parte da sua carreira profissional à pesquisa e educação ambiental. O seu profundo conhecimento e paixão pelo ambiente levaram-no a assumir a liderança do Naturlink, onde tem sido fundamental na direção da equipa de especialistas, na seleção do conteúdo apresentado e na construção de pontes entre a comunidade online e o mundo natural.

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