Peniche, Mar e História

Leonor de Almeida (texto) e José Romão (fotos)
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Mas como nem só de boa mesa vive o homem, não se deve, pois, esquecer o magnífico património histórico local. A começar pela fortaleza construída, ou melhor, mandada construir no século XVI, por D. João III e que actualmente alberga o Museu Municipal, com as suas secções de Malacologia, Pré-História e Arqueologia. As suas paredes encerram, como não podia deixar de ser, história do passado, mas também do presente. Por lá estacionaram as tropas de Filipe II, um dos três reis castelhanos que governaram Portugal, do general francês Junot, um dos generais napoleónicos que tentaram ocupar Portugal, e do rei D. Miguel, um dos monarcas que tentou impor o absolutismo no nosso país. Numa certa linha de “continuidade histórica”, a fortaleza voltaria a ter algum protagonismo quando, em pleno século XX, Salazar a transformou numa prisão política. Foi dali que se deu a célebre fuga de Álvaro Cunhal, no início dos anos 60. O chamado Núcleo da Resistência, patente no museu, ajuda o visitante a compreender alguns aspectos da difícil, e tantas vezes dramática, vida dos presos políticos do Estado Novo.

Deixando a fortaleza e as suas recordações histórico-políticas, verificamos que Peniche e seus arredores é muito rica em monumentos religiosos. Existem pelo menos três verdadeiras jóias da azulejaria que merecem uma visita. A igreja de Nossa Senhora da Ajuda, logo à entrada da cidade, a de Nossa Senhora da Conceição, não muito longe da igreja Matriz, e a igreja da Misericórdia. Nesta poderá apreciar o tecto todo revestido de quadros a óleo, com cenas do Novo Testamento e paredes com azulejos de padrão do séc. XVII. Tem ainda um importante espólio de pinturas setecentistas, entre elas a tela da Santa Face, pintada por Josefa de Ayala e Cabrera (Josefa d’Obidos). A igreja de Nossa Senhora da Conceição está revestida de azulejos com cenas bíblicas, possui uma decoração barroca de talha dourada do principio do séc. XVIII, mas possui também um silhar de azulejos do séc. XVII. Nossa Senhora da Ajuda, de fundação mais antiga, tem tecto pintado no final do séc. XVII, uma notável colecção de esculturas religiosas, azulejos historiando a vida de N. Senhora e a sacristia revestida com azulejos do séc. XVII, de ponta de diamante.


Fotografias de José Romão

É possível, e aconselhável, fazer um passeio à volta da península. Poderá fazê-lo de carro ou a pé, o que depende do tempo, da paciência e… das pernas. Dirigindo-se para a saída da cidade, comece o percurso deixando à esquerda o Carreiro da Furninha, o Carreiro da Joana e o Carreiro do Cabo, até chegar ao farol. Os vários motivos de interesse geológico estão bem sinalizados. A Pedra da Nau , conhecida pela Nau dos Corvos, é um fabuloso rochedo no qual pousam os corvos marinhos. Aliás, rochedos não faltam, a pontear o mar picado, cada qual com a sua forma e nome escolhido pelo povo, que com eles convive há gerações.

Em tempo de calor sabe bem ir até às praias onde, diz a propaganda, “o Inverno passa a Verão…”. As mais apetecíveis são as da Consolação e S. Bernardino, onde existe um convento dedicado a S. Bernardino de Sena, que está hoje transformado no “Centro Escolar de S. Bernardino”. A Norte de Peniche tem o excelente areal do Baleal e ainda as praias d’El Rei e do Bom Sucesso.

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