A Floresta e os Florestais na História de Portugal (parte I)

Nuno Leitão
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Ao longo da evolução dos povos as necessidades em produtos florestais e agrícolas foram também aumentando, o mesmo acontecendo na nação portuguesa, onde após a sua constituição, e ao longo dos séculos de ocupação, a área arborizada foi diminuindo a pouco e pouco.


Entre nós, a situação agravou-se com o empenhamento do país na navegação marítima, à qual corresponderam grandes e crescentes exigências em material lenhoso para a construção naval.


Desde cedo alguns dos nossos monarcas tomaram consciência de alguns dos problemas ligados à floresta e à sua exploração, e começaram-se a tomar medidas para a defesa e ampliação da floresta nacional. O Rei D. Diniz é, no entanto, o mais famoso de entre os nossos monarcas, nas medidas tomadas para com a floresta.


A D. Diniz é impropriamente atribuído o mérito de ter criado o Pinhal de Leiria. Na altura o pinhal já existiria, mas seria composto apenas por Pinheiro-manso, e D. Diniz terá tomado medidas para ampliar este pinhal, tendo tal acção sido realizada com a implementação de Pinheiro-bravo. Para tal o Pinheiro-bravo foi importado de França, pois na altura praticamente já não existiria no país (apesar de ser uma espécie espontânea, como determinadas provas arqueológicas o demonstram). 
 
No entanto, outras medidas importantes para a floresta foram tomadas, também na 1ª Dinastia, sob a regência de outros Soberanos. Destaca-se a criação do lugar de Monteiro-mor, que tinha como função defender os “Montes” *.


Inicialmente, o Monteiro-mor dedicava-se essencialmente à defesa das Coutadas Reais e da sua fauna cinegética, que tinha ainda de manter abundante e diversificada, para satisfazer os membros da Corte durante as caçadas. Isto permitiu que muitas espécies de fauna subsistissem no país até aos dias de hoje ou pelo menos até ao fim das delimitações e proibições das Coutadas, para além de ter permitido a manutenção da arborização, em grande parte, dessas zonas.


A criação do Monteiro-mor deu origem a uma nova profissão, que mais tarde, com a evolução académica, se transformou no Engenheiro Silvicultor (engenheiro do cultivo silvestre) e que nas últimas duas décadas passou a ser denominado por Engenheiro Florestal.


A cinegética, as sementeiras de pinhais e defesa das matas contra roubos e fogos, passaram a ser problemas dos Monarcas da 1ª Dinastia, sendo remetido para os Monteiro-mor a gestão de tais problemas.

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