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Madagáscar: Biólogo português responsável pela descoberta de 36 espécies de rãs potencialmente novas para Ciência

Filipa Alves (02-05-2012)

O achado aconteceu na Reserva de Betampona, uma área de 2228 ha que é um dos últimos fragmentos de floresta de baixa altitude na parte oriental de Madagáscar, onde foi detectada a presença de um total de 76 espécies de rãs, 24 das quais não ocorrem, provavelmente, em nenhum outro lugar do mundo, o que corresponde a uma riqueza especifica invulgarmente elevada, mesmo comparando com outras áreas de Madagáscar.

Uma equipa liderada por um investigador português publicou recentemente na revista Biodiversity and Conservation os surpreendentes resultados de um estudo da diversidade de anfíbios numa pequena reserva na parte Oriental de Madagáscar.

A Reserve Naturell Intégrale de Betampona é uma área de 2228 ha de floresta de baixa altitude que constitui um dos últimos fragmentos de floresta deste tipo na região.

Esta pequena área protegida foi palco de duas expedições científicas em 2004 e 2007, num total de 102 dias, que tiveram como objectivo a caracterização da fauna local de rãs, através de uma abordagem integrada que combinou o estudo das características morfológicas, dos chamamentos, ecológicas e genéticas dos exemplares recolhidos.

Usando esta metodologia Gonçalo Rosa e os colegas contabilizaram um total de 76 espécies, das quais 36 são potencialmente novas para a Ciência e 24 são, provavelmente, endémicas, isto é, não ocorrem em qualquer outro lugar do mundo.

Estes números são invulgarmente elevados, dado o diminuto tamanho da floresta de Betampona e a pequena variação no que diz respeito à altitude (275-600 m), não só contexto mundial – nos EUA e Canadá, que cobrem uma área quase um milhão de vezes maior existem apenas 88 espécies de rãs – mas também comparando com outras áreas de Madagáscar.

Com efeito, na ilha do Oceano Índico que constitui o único local de ocorrência de lémures, e possui metade das espécies de camaleões, uma análise recorrendo à mesma metodologia contabilizou apenas 112 espécies de rãs no Ranomafana National Park, que cobre uma área de 41 600 ha, cuja altitude varia entre os 800 e os 1200 m.

A razão da elevada riqueza específica de Betampona não é clara, mas os autores sugerem que a rica diversidade de rãs que ostenta na actualidade tem beneficiado do tipo de gestão que a área tem sido alvo, como reserva natural sob a alçada do Madagáscar Fauna Group e da Madagáscar National Parks, a que têm acesso apenas os cientistas, sendo o turismo proibido.

Os resultados desta investigação põem em evidência a importância da preservação da floresta de Betampona, que constitui uma ilha de habitat natural no seio de áreas degradadas. As principais ameaças à manutenção da sua elevada riqueza específica são a caça para obtenção de carne de animais selvagens, nomeadamente de rãs de grande dimensão, a desflorestação e o isolamento de outras áreas de floresta e de outras populações de anfíbios.

Aceda ao artigo científico ou ao seu resumo disponibilizado gratuitamente aqui

Fontes: www.springerlink.com e news.mongabay.com

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