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Estudo: O fungo cítrico responsável pela extinção de dezenas de populações de anfíbios foi propagado pelo comércio de animais

Filipa Alves (08-11-2011)

Esta é uma das conclusões de um estudo recentemente publicado que sugere que o comércio de espécies exóticas como animais de estimação ou de Zoo e a importação de rãs africanas para a América do Norte e Europa para utilização no fabrico de testes de gravidez, constituem as duas vias mais prováveis da disseminação da quitidriomicose, que é um fenómeno do séc. XX.

O combate à extinção de espécies de animais e plantas baseia-se no conhecimento profundo dos factores de ameaça que estão na origem do seu declínio populacional.

Neste sentido, são de extrema importância os resultados de um estudo recentemente publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences que, através da análise global do genoma de amostras do fungo cítrico obtidas de várias espécies de anfíbios de 20 zonas distintas, procurou perceber como o fungo se tornou uma ameaça tão letal para estes vertebrados.

Este fungo, que terá tido origem em África, está actualmente disperso por todo o mundo e está a dizimar as populações de anfíbios a nível global, estando inclusive na origem da extinção de dezenas de espécies desta classe de vertebrados.

O trabalho de investigação recém-publicado foi levado a cabo por cientistas do Imperial College de Londres (Reino Unido) e analisou amostras de anfíbios provenientes da América do Norte, América Central, Caraíbas, Europa e África do Sul tendo revelado que existem 3 linhagens distintas do fungo cítrico, que causa a quitridiomicose.

Duas das linhagens têm uma distribuição restrita – a BdCH surgiu em amostras provenientes da Suíça, ao passo que a BdCAPE revelou estar presente em amostras vindas da província do Cabo (África do Sul) e na ilha balear de Malhorca (Espanha).

A terceira forma - BdGPL – que ocorre de forma generalizada, é a mais letal e terá, muito provavelmente, surgido da cruzamento de uma combinação letal de outras formas ancestrais do fungo.

Os cientistas concluíram também que este processo terá ocorrido no séc. XX, coincidindo a “explosão” do comércio de anfíbios, que aparece, assim, como a hipótese explicativa mais provável da disseminação da doença, quer tenha sido através da compra e venda de espécies exóticas como animais de estimação ou de Zoo, quer através da importação de rãs africanas para a América do Norte e Europa, tendo como fim a produção de testes de gravidez.

Os cientistas esperam que os resultados deste estudo possam também ser importantes para encontrar uma forma directa de anular a letalidade do fungo cítrico, através da identificação das formas menos virulenteas que possam ser utilizadas numa “vacina”, para aumentar a resistência dos animais à doença.

*Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico*

Fonte: www.bbc.co.uk

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