Da disponibilidade e indisponibilidade para sentir os prazeres subtis que se desprendem do mundo natural

Maria Júdice Borralho
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Mas como nem todos visitantes do local estão disponíveis para apreciar aquele pedaço da Serra, o tal viajante pode ser desagradavelmente surpreendido por um fenómeno assustador chamado poluição. 
 
Um riquíssimo e variado conjunto de lixo composto por elementos que sobejaram de animados piqueniques, talvez polvilhem o local e a capelinha dedicada à Santa, com uma inscrição informando que foi restaurada no século XIX por um devoto estrangeiro, aguarda novo devoto que a faça resplandecer no adro onde está instalada. Até a fonte secou.


Não se pense, porém, que a Santa esqueceu o lugar que lhe é dedicado. Abnegadamente, continua a fazer os seus milagres. Ela não tem poder para transformar comportamentos de visitantes apostados em sabotar a preciosa harmonia do local, mas protege-o de ser consumido pelas chamas.


O resultado de orgíacas sessões de fumo, espalham-se por aqui e por ali. Num espaço menor que um metro quadrado a paciência só deu para contar duas centenas de pedaços, o resto ficou dos cigarros que ali arderam, e foram lançados ao solo.


Quantos locais, de Norte a Sul do País, estarão em condições semelhantes?
Certamente que umas horas de chuva tornarão o espaço menos repelente e os serviços de limpeza, no futuro, talvez passem a dedicar, aos lugares assinalados com binóculos a atenção que eles merecem. Mas a crueldade anónima, os comportamentos irreflectidos e a indisponibilidade para apreciar a imponência do mundo natural, em pouco tempo neutralizarão qualquer tentativa de manter o local impoluto.


Que será possível fazer por estes recantos que a Natureza privilegiou?


Haverá modo de os proteger?

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