Os animais e a pintura romântica de Tomás da Anunciação

José Marmeleira - ArtLink
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Considerado um dos expoentes da pintura romântica portuguesa, Tomás da Anunciação notabilizou-se pela representação pictórica da natureza, denotando um particular interesse pelos motivos animalistas e um encantamento face ao ambiente rural.

Natural de Lisboa (1818-1879), e originário de uma família humilde, Tomás da Anunciação manifestou, desde jovem, uma inclinação para o desenho e um gosto especial pela representação da Natureza. Atento às cenas que o campo e os arrabaldes de Lisboa lhe ofereciam, foi também estimulado por estampas de flores que um empregado no Jardim Botânico de Lisboa e amigo de seu Pai, regularmente lhe cedia.

Depois de uma série de rudimentares aulas de desenho foi admitido como desenhador no Museu de História Natural, onde veio a aprofundar ainda mais o seu interesse pelos motivos da natureza. A sua abordagem apresentava-se humilde mas, ao mesmo tempo, secretamente deslumbrada. Apesar de viver com dificuldades permanecia entusiasmado com a actividade artística que abraçava e nada o demoveria de seguir uma carreira como pintor.

Portugal era na época um país dominado pela instabilidade política, mas aparentemente ansioso por compreender as vantagens do liberalismo. Certas realidades, contudo, permaneciam imutáveis. O atraso estrutural da sociedade era evidente e reflectia-se no modo como a agricultura continuava a ser a actividade mais acarinhada pelas populações. O processo da industrialização, entretanto, continuava a provocar no seio da classe política sentimentos contraditórios e era adiado por sucessivos governos.


Vista da Amora, paisagem com figuras
1852, © MNAC

É neste contexto que, em 1837, Tomás da Anunciação ingressa na Real Academia de Belas-Artes. Começa por copiar estampas e gesso mas rapidamente passa a desenhar produtos naturais e, em 1840, expõe pela primeira vez alguns dos seus trabalhos.

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