O Sapo também habita num verso de Poema

Maria Júdice Borralho
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David Attenborough, no livro A VIDA NA TERRA lembra: Há cerca de 350 milhões de anos, num pântano de água doce, teve lugar um episódio que iria ser decisivo na história da vida: alguns “peixes”começaram a arrastar-se para fora da água e tornaram-se assim os primeiros vertebrados a colonizar a Terra (…) esses peixes tiveram de resolver dois problemas: como locomover-se fora de água e como obter oxigénio do ar.

Ora a pouco quilómetros do Oceano, onde há 200 milhões de anos passeavam dinossáurios, hoje vivem vários sapos. Em manhãs de Primavera, nunca uma visita ao lugar, deixou frustrado o desejo de encontrar um ou mais. O campo é fértil, levemente ondulado e atravessado por pequeno riacho. Como seria há duzentos milhões de anos!?

Os cheiros a erva fresca e a folha que apodrece misturavam-se. Numa qualquer manhã de Abril, a surpresa de descobrir um exemplar tardava. Entretanto o espectáculo da banalidade de situações centenas de vezes observadas, não se perdia: a neblina matinal dissipava-se, um gaio localizava o alimento que guardara no Outono, aves poisavam e o descair da asa com o fim do voo era gracioso, uma águia cortava o espaço aéreo. Vista, ouvido e olfacto registavam um caudal de impressões quando, já um pouco tardiamente, a persistência foi premiada. Perto do riacho um sapo tomava a sua refeição matinal. Os binóculos permitiam observar o banquete sem o perturbar: caçara uma minhoca e segurava uma das extremidades com a boca e cuidadosamente raspava-lhe o corpo com as patas dianteiras removendo a terra que se agarrava ao corpo da vítima. Quando tudo estava a seu contento a refeição consumou-se e, curiosamente, ao engolir piscava os olhos, fenómeno que certamente ajudava o processo.

Esta foi a mais interessante visita realizada àquele lugar onde há 200 milhões de anos passeavam dinossáurios e hoje, uma pacata e activa população de sapos habita. 

 

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